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domingo, 25 de dezembro de 2011

CARTA AO PAPAI NOEL




Papai Noel, neste natal não tenho nenhum pedido para mim. É que eu não me comportei bem neste ano. Peço, entretanto, algumas coisinhas para pessoas que são muito amigas.

Meu amigo Ronaldo Gomes, que perdeu sua mãezinha e seu tio neste fim de ano, quer suporte para sua dor duplicada. Faça-o entender que ninguém morre. “As pessoas despertam do sonho da vida”, conforme o profeta Raul Seixas.

Para o jornalista Dalmo Oliveira, um matapá de abóbora feito pelas mulheres de Moçambique no Natal, com camarão, tomate e leite de coco. Sim, e um presépio construído pelas crianças africanas, com madeira branca onde eles esculpem com muita paciência e carinho os personagens e animais. Cada presépio é uma obra original, única, com a cara da cultura negra.

Meu amigo Marcos Veloso, que é de um sítio chamado Pintado, quer o cheiro de sua terra e a brisa da manhã abanando os juazeiros de sua Mogeiro querida. Ele aproveita e pede um boné da hora para cobrir sua careca ostensiva.

Jacinto Moreno se contenta com uma ideia original para seu próximo filme, que seja o supra sumo da cinematografia, algo assim definitivo que ganhe não um prêmio qualquer, mas qualquer coisa parecida com o Oscar. O mundo precisa de milagres, Papai Noel!

Para Adriana Felizardo, traga um cavalo branco e uma espingarda de caça. Para Marcelo Ricardo, o pedido é de um estúdio de rádio com revestimento acústico, piso também acústico, transmissor de rádio, chave híbrida, computador, mesa de áudio de última geração, microfone profissional e maleta para transmissões externas. Se for difícil, pelo menos colabore para que ele possa pagar as multas aplicadas pela Anatel à sua Rádio Comunitária Diversidade.

Para o poeta Orlando Otávio, ele quer apenas uma espécie de alento, um sopro criador que, emanado de um ser sobrenatural, leve à sua cabeça a revelação de um poema definitivo sobre sua amada Itabaiana do Norte, superando Zé da Luz e até Agenor Otávio, seu mano também poeta.

Caso não seja pedir muito, meu compadre Biu Penca Preta quer a edição do seu livro escrito pelo seu ghost writer que sou eu, contando suas aventuras no mundo da fuleiragem, enturmado com Ameba, Sonsinho e Madame Preciosa.

Para o pernambucano Gilberto Júnior peço um grito de gol do seu Santinha, de preferência contra o Sport.  Gol de vitória, suado, libertador, aos 45 do segundo tempo. Pode ser até de mão, mas que leve o tricolor do Arruda à glória da ascensão.

Roberto Palhano pede duas coisinhas: uma garrafa de cachaça que nunca esvazie e a fundação da Igreja Universal dos Cachaceiros, onde o Bar é a igreja de todos os bêbados, que todos os dias têm culto pra realizar. A prateleira é o altar e o Conhaque de Alcatrão de São João da Barra é um dos santos cultuados.

Sobrando algum espaço no seu famoso saco, traga a cura para minha artrose e um bocadinho de solidariedade em solo paraibano, que é pra eu distribuir com as pessoas de boa vontade que encontrar pelos caminhos tortuosos e misteriosos de 2012.

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