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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

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Minha razão de viver – Samuel Wainer

Autobiografia de Samuel Wainer, jornalista. Samuel teve uma infância muito difícil, seus pais tinham oito filhos. Sofriam vários problemas financeiros. Às vezes, faltava comida, mas como sua mãe era muito esforçada, fazia de tudo para contornar a situação. Nasceu em Bessarábia, na Rússia, e aos dois anos veio para o Brasil, onde morou no Bom Retiro, São Paulo.

Getúlio Vargas influenciou Wainer a fazer um jornal, e foi daí que surgiu o Última Hora, onde encontrara sua razão de viver. Fez do jornal um dos grandes renovadores da linguagem da imprensa brasileira, graças às suas reportagens escritas com malícia e ironia. O jornal saiu pela primeira vez em 1951, e foi um dos maiores fracassos de sua vida. Teve uma época em que o jornal melhorou, e aí criaram um jornal no Rio de Janeiro. Depois de sofrer várias pressões de seus inimigos, o Última Hora foi vendido para Maurício Alencar, responsável pelo Correio da Manhã (era a marca mais valiosa da imprensa brasileira) e a partir de 1972, o jornal já não o pertencia mais devido a falta de recursos para rodá-lo.
 
Ao longo de sua vida jornalística, passou por muitas dificuldades. Foi preso, mandado para fora do país, voltou; fez amigos, porém, muitos inimigos. Conheceu pessoas que jamais poderia conhecer se não tivesse escolhido este caminho, entre eles: Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck, Assis Chateaubriand, Carlos Lacerda e Luís Carlos Prestes.

Samuel descreve pequenas e grandes derrotas, pecados maiores e menores, com uma sinceridade desconcertante. (Resenha do livro)

SENHORES DA GUERRA

Samuel Wainer editava a revista Diretrizes durante o Estado Novo, sob rigorosa censura. Na época, o Exército estava dividido entre o grupo inspirado em Benjamim Constant, mais pacifista, e outro que se espelhava no Marechal Deodoro da Fonseca, a linha dura. A revista Diretrizes botou na capa a foto de Benjamim Constant. Samuel foi chamado ao Ministério da Guerra, onde o Major Afonso de Carvalho foi taxativo:

--- Essa revista não vai sair porque vocês são traidores da pátria. Benjamim Constant é um pacifista, e isso é imperdoável. Um Exército não pode ser pacifista, disse o Major fascista.

É A PUTA QUE PARIU!

Um dia, Carlos Lacerda chamou Samuel Wainer de Assis Chateaubriand. “Chateaubriand é a puta que o pariu!”, explodiu Wainer, porquer para ele, ser comparado ao chefão dos Diários Associados era uma degradação. Depois, trabalhou para o mesmo Assis.

PRECONCEITO CONTRA NORDESTINOS

Samuel Wainer, por ser judeu, sofreu muito preconceito. Mas destilava também seus pecados nessa seara. Ele dizia que Assis Chatreaubriand não era generoso. “O homem do Nordeste é valente e hospitaleiro, mas não é generoso”, afirmava. Chatô “não conseguia viver sem humilhar os que lhe eram próximos, incluindo a família,” escreveu Wainer.

ENGOLINDO SAPOS

A figura de Getúlio Vargas vista por Samuel Wainer remete ao perfil de qualquer político engolidor de sapos. “O antigo ditador nunca teve amigos nem inimigos. Vargas era um animal político destituído de emotividade, não tinha reminiscências, não tinha idiossincracias. Vargas não perdoa, mas esquece.”

HONESTO 

Getúlio Vargas era um homem honesto, confirma Wainer. “Os próprios adversários reconheciam sua honradez pessoal. Nenhum outro homem público foi tão combatido na História do Brasil, e jamais provaram um deslize de Getúlio, apesar da campanha oposicionista de toda a imprensa.”

 

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