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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Eu não sabia, mas sou resiliente

Meu pupilo Ed Gonchá (direita) entregando meu livro "Biu Pacatuba" ao professor Albino Rubin, Secretário de Cultura da Bahia



"... doces são os frutos da adversidade" (Shakespeare).

"Resiliência é a capacidade universal de superar as adversidades da vida e de ser fortalecido por elas." Eu não sabia, confesso. Fiquei informado da palavrinha através da minha comadre Maria Helena Malheiros. Ela escreveu o adjetivo no prefácio que vou publicar na segunda edição do meu livro “Biu Pacatuba”, que fala do seu pai, um herói do povo paraibano.

Confesso que nunca me passou pela cabeça a ideia de que eu seja um sujeito resiliente. Mas, teimoso, isso eu sou! Faz mais de quarenta anos que produzo jornal impresso, sem ganhar um vintém, tirando do bolso para manter esse sonho. Tem a mesma idade minha extravagância que consiste em mexer com rádios livres, por tabela assanhando um vespeiro mais do que perigoso do monopólio das comunicações no Brasil. Já peguei até cadeia pela ousadia.

Exemplos de pessoas resilientes na História: Aleijadinho, o escultor que, mesmo sem os dedos, continuou produzindo as maravilhas que o mundo conhece. E tantas outras figuras, destacadas pela capacidade de resistir e construir seus sonhos.

Eu olho em volta e vejo aqui mesmo uns resilientes que me enternecem. Esse Ed Gonchá, que saiu de condições miseráveis de sobrevivência e hoje é um rapaz estudioso e batalhador pela vida, dele e dos outros. Negro, pobre e vivendo em uma comunidade sem nenhuma estrutura social e econômica, nasceu com todas as ferramentas para fracassar. Trata-se de uma situação de resiliência que eu conheço de perto.

Gonchá se sobressai porque soube onde buscar ajuda e jamais viu sua situação como problema sem solução. Sua mãe o abandonou aos dois anos de idade. Respondeu ao trauma focando naquilo que interessava: maneiras de vir à tona e alcançar seus sonhos. Foi meu gazeteiro do jornal Tribuna do Vale. Entregava os jornais aos assinantes, mas antes lia o conteúdo. Foi fazer teatro no GETI e se apaixonou pela arte de representar. Sempre teve uma visão positiva sobre si mesmo. Confia na sua capacidade e nos seus instintos. Desenvolveu a resiliência.

Eu sempre tenho um foco no amanhã, e quando isso se apagar, saberei que chegou o fim. Mesmo quando estou passando por momentos difíceis, mantenho perspectivas de longo prazo. Acho que minha resiliência vem dessa capacidade de sonhar.

Um comentário:

  1. não serei "mais um abadonado pelas quebradas desse mundaréu" Serei mais um sobrevivente desse mundaréu!
    Ed Gonchá!

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