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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Tom Zé nu e cru


Tom Zé, um artista além do seu tempo ou um simulador? Vi na TV outro dia entrevista do controvertido baiano. Ele deu uma aula de filosofia e história em programa produzido pelo Banco do Nordeste, em Fortaleza. O cara embola o meio de campo desde os tempos tropicalistas, com Caetano, Gil e etcétera. Com 74 anos, o músico, arranjador, compositor e cantor está em plena forma. Seu público é uma galera jovem que adora o irreverente e criativo artista.

Li recente entrevista do menestrel da doideira na revista Caros Amigos. Abaixo, algumas tiradas do maluco.

Sobre o talento musical e poético do nordestino: “Euclides da Cunha já percebia isso quando andou pelos sertões: o nordestino é condicionado a refletir com base numa rapidez de raciocínio terrível. Vê-se na performance de qualquer poeta repentista.”

“Eu não ouço música. Tenho horror a música. Porque eu sou um dos piores músicos que tem no mundo”. Se Glauber Rocha, do alto de sua megalomania intelectual, dissesse tal frase, estaria fazendo tipo ou dando razão a Jacinto Moreno? Jacinto acha esse outro baiano um filmador medíocre.

“É claro que a música me comove”, derrete-se Tom Zé na mesma entrevista. “O que sai das universidades é geralmente desinteressante, mas tem o grupo Rumo que é maravilhoso”. Para ele, o grupo Rumo “é uma coisa que orgulha a espécie humana”.

Ainda sobre música: “Eu acho que não faço música. Música é só um pretexto. Eu faço rebeldia”. Para Tom Zé, rebeldia é uma proteína que dá na pessoa entre os 13 e 50 anos. “Toda geração precisa de uma certa rebeldia. Primeiro, ela tem que compreender seu tempo, e depois negar o seu tempo e cometer a rebeldia mesmo, que ninguém controla”.

O Rumo foi constituído em 1974 por um grupo de alunos da Escola de Comunicação e Artes da USP, liderado por Luiz Tatit, fazendo parte da chamada “Vanguarda Paulista”.


Um comentário:

  1. O Tom Zé é fantástico. Ele se rebela enquanto faz música. Ou seria o contrário? Bem, não vou entrar nesse mérito, afinal, como diz o próprio Tom:

    "Eu tô te explicando
    Prá te confundir
    Eu tô te confundindo
    Prá te esclarecer
    Tô iluminado
    Prá poder cegar
    Tô ficando cego
    Prá poder guiar"

    E o grupo Rumo, Fábio, é sem dúvida um expoente da música de vanguarda. Coincidentemente, enquanto lia hoje sobre a dissolução da banda R.E.M, lembrei do "Rumo"(que também já se desfez há muito) e me deleitei com "Essa é pra acabar":

    'Tem hora que é do show
    Tem hora que é da vida
    E os dois estão ligados
    Pela porta de saída
    E nem é uma questão só de entender
    Vocês também têm mais o que fazer
    Ficando por aqui
    A coisa é enfadonha
    Acaba o repertório
    E a gente fica com vergonha'


    Um abraço.

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