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domingo, 24 de abril de 2011

POEMA DE DOMINGO


                                                           Adeildo Vieira e Escurinho

Em busca de parceria

Mandei dizer ao mestre Adeildo Vieira: conversando com Laercinho, da Rádio Comunitária Acauã, de Aparecida, ele me convidou para participar do II FAMUP, Festival Acauã de Música Popular, para tentar abocanhar o Prêmio Manoel Ferreira Damião. Será no dia 17 de junho, lá na terra do pássaro que come cobra. Eu fiquei bem balançado. Imediatamente escrevi uma toada que te mando agora, na esperança de que coloques melodia na letra, para uma parceria inédita com vistas ao Festival de Laercinho, que sou doido pra conhecer a Rádio Comunitária Acauã e o Ponto de Cultura Casa de Antonio Nóbrega. 

Adeildo respostou: Eita desafio bacana, Fabio!
A letra é maravilhosa, como, aliás, é tudo que você escreve.
Eu tô num momento de muita agitação por causa de um show que farei com Escurinho no dia 13 de maio e também por causa de um trabalho que faço com o pessoal do Vale do Gramame. São trabalhos de criação e concentração.
Mas a tua letra é realmente algo inspirador. Eu quero, sim, me debruçar sobre ela, mas preciso saber dos prazos. Além do mais, trabalhar numa música dessas requer responsabilidade pra não estragar tão bela letra.

Há braços!

ADEILDO VIEIRA

Fiz o mesmo apelo ao compadre Orlando Otávio, forrozeiro de Itabaiana, que também ficou de esquentar os miolos atrás de uma melodia xoxoteira (de xote!) ou baiãozística para a letra. Se o ritmo é binário ou quaternário, não quero saber. Mas tem que ter sustança vocacional e variedade nas sete notas, se é que me entendem. 

Eis o poema:

Toada de terreiro

Esse cavalo-marinho
De Mateus e Catirina
Imaginária menina
De amor e de carinho
Brinquedo do burburinho
Do eito de cana fina
No Nordeste brasileiro
Dê licença o rabequeiro
Meu mestre Biu da Rabeca
Esse negrinho sapeca
Que me ensinou pastoril
Folguedo do meu Brasil
Parte da geocultura
Semente de plasma pura
Nas tuas veias centrais
Que os tempos não voltam mais
Nem se acende vela ao boi
O folgazão já se foi
Vive tradicionalmente
Longe dos canaviais.

REFRÃO:

Levanta, meu boi, levanta,
Que chegou a tua hora.
O Bastião se espanta
E a Catarina chora.

Um viva para o Mateus
O brincante mascarado
Interagindo animado
Com o diabo e com Deus
Pode ser que eu com os meus
Escape desse estandarte
Pois temos de nossa parte
Nosso mestre Capitão
Junto com o Bastião
Matuto e Pisa-Pilão
Véio Frio e o Vaqueiro
A burra e o boi ligeiro
E o Caboclo de Arubá
Baixando no arraiá
Da bodega de Pereira
Com toada verdadeira
Do mestre Chico do Doce
Se de novo moço eu fosse
Montado na Burra Nova
Já cavaram tua cova
Meu aclamado Saldanha
Tu hoje aqui tu apanha
Até a gata miar
Pois o patrão vai chamar
Mestre senhor de engenho
Para encerrar a função
Através do Valentão
A mão vil do opressor
Portanto, com muita dor,
Digo adeus ao Bastião.

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