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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sem educação não há libertação


A comparação entre o salário do professor e do vereador é mostra do quanto não se valoriza esse profissional. Enquanto um vereador de qualquer cidadezinha na Paraíba ganha seus mil e cacetadas, a professorinha percebe um pouco mais do que o salário mínimo. O vereador tem o dever de participar de uma reunião semanal, onde geralmente não abre nem a boca, a não ser para bocejar de tédio. Já a professorinha tem obrigação de estar na sala de aula diariamente, comendo pó de giz e aguentando meninos mal educados.

Nesse dia, pensei em dar meu depoimento sobre as minhas professoras inesquecíveis, mas desisti. Presto minha homenagem na pessoa de Elizabeth Teixeira, essa professorinha que foi vítima de circunstâncias muito desfavoráveis no seu tempo, perseguida pelo regime militar. Escondeu-se numa cidadezinha do Rio Grande do Norte, onde passou a ensinar às crianças carentes. Tem um filme que virou ícone, contando a saga de Elizabeth e sua família. Chama-se “Cabra marcado para morrer”. Neste documentário, o diretor mostra Elizabeth com suas crianças na escolinha. Quer me parecer que aquela cena é a mais significativa do filme. Elizabeth que dedicou sua vida à emancipação do trabalhador rural, depois de muitos combates e sofrimentos, passa a consagrar suas melhores energias à formação intelectual e moral da nova geração, construindo uma legenda: “sem educação não há libertação”.

Meu amigo e leitor da Toca, Erasmo Souto, não é muito chegado aos movimentos organizados dos camponeses. Ele odeia o MST, acha tudo um bando de arruaceiros comunistas e badernistas esquerdistas. Mas, veja Erasmo, que nos acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra eles dão imenso valor aos educadores. Sabem que é pela educação que virá a faculdade de cada um agir conforme sua consciência e segundo sua própria determinação.

Sobre o MST rola uma anedota: na lenda bíblica, Deus preferiu Abel que pastorava ovelhas ao Caim que cultivava a terra, num claro preconceito contra os agricultores, culminando com a CPI do MST.

Portanto, viva aquele que ensina os caminhos da liberdade. Viva o professor!

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