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sábado, 31 de julho de 2010

Monumento a Ariano Suassuna vira objeto de culto


Passando na Lagoa do Parque Solon de Lucena, encontro o poeta Gilberto Bastos na tarefa de erguer uma estrutura para abrigar exposição de fotografias de João Pessoa, cidade aniversariante da semana que vem. Ao lado, os mistérios do folclore vistos pelo escritor paraibano/pernambucano Ariano Suassuna, o Monumento da Pedra do Reino.
É de justiça reconhecer que o monumento enriquece a Lagoa, um sítio belíssimo.

A lagoa do Parque Solon de Lucena encantou o folclorista potiguar Câmara Cascudo. Para o escritor, a Lagoa “é um dos recantos mais belos do mundo”. Ele mandava cartões postais da Lagoa para seus amigos correspondentes no mundo todo.

O totem de Ariano é obra de Miguel dos Santos, “uma homenagem ao imaginário do povo paraibano e brasileiro". Chama-se Pedra do Reino, mesmo nome de um livro de Suassuna. A escultura tem oito metros, feita de concreto, aço e cerâmica. Em cima, duas caras; uma olha para o sertão e a outra espicha a vista em direção ao oceano. O autor da obra explica que a cara do sertão é do próprio Ariano, e a outra é do seu pai, João Suassuna, ex-presidente da Paraíba e inimigo de João Pessoa. É um caso único de escultura francamente nepotista.

Paraíba pequena e provinciana! Quando o prefeito Coutinho estava pra inaugurar a estátua da família Suassuna, o povo dos liberais andou queimando ruim, falando cobras e lagartos das pedras de Taperoá, terra de Ariano. Na escultura, o artista representa alguns bichos em extinção, feito a onça, o tamanduá, o lobo-guará, cascavel e carcará. Esqueceu dos perrepistas e liberais, facções que se digladiavam nos idos de 30 e que ainda hoje trocam farpas e imbecilidades.

A obra apresenta 500 pontas de aço, quatro cavalos, quatro onças aladas, estrelas e outros símbolos cabalistas. “Respeito a estética popular. Espero que o povo se veja aqui”, disse o autor Miguel dos Santos. O povo passa desconfiado, olha a escultura e sai sem entender nada. O turista bate fotografias e o guarda municipal faz a segurança. Por enquanto não se registrou nenhum atentado à obra, mas já foram vistos umbandistas queimando incenso e oferecendo dádivas aos seus orixás ao pé da escultura. O ritual foi registrado pela câmera de TV que monitora permanentemente o local. Doidos e profetas, budistas, taoistas, o pessoal do rastafári e até a turma de uma religião estranha chamada Mama Tata ou Mama Chi, já rondaram a estátua, percebendo nela sinais do divino. Mama Tata é uma seita cristã cujos membros acreditam que Deus aboliu todas as igrejas e se relaciona somente com eles. Um profeta Mama Tata sustenta que a escultura da Pedra do Reino seja o sinal revelador de Deus, que vai descer do céu à terra, justamente na Lagoa Solon de Lucena.

O patrocinador da obra, adorador do Deus mercado, acredita apenas na frágil resistência do humano aos apelos do Marketing.

Estava ao pé da escultura da Pedra do Reino quando fui abordado por um membro da Igreja Universal dos Poderes Cósmicos. Fiquei sabendo que essa religião tem mais de 150 mil membros no mundo todo. É baseada no budismo, cristianismo, misticismo, paranormalidade e alquimia. A religião acredita em Elfos, fadas, pesquisas, planos de governo, promessas de políticos e espíritos da natureza. Sustentam que a Pedra do Reino é o símbolo de sua religião e que Ariano é o profeta.

Outros crentes acham que o profeta é o Mago. Movimento chamado “Coletivo do Girassol Divino” já organiza a queima simbólica de títulos eleitorais na fogueira santa ao pé do monumento. Tudo isso eu fiquei sabendo em apenas alguns instantes parado ao lado da escultura, ouvindo testemunhos de moradores de rua, guardas e outros mentirosos. Meu compadre Gilberto Bastos é testemunha.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

ALMANAQUE DA CULTURA INÚTIL E DA POESIA INUSITADA


Poeta Mário Quintana

30 de julho marca a data da independência de Vanuatu. Esse grande fato histórico aconteceu há 30 anos. Se você não sabe onde fica Vanuatu, veio ao lugar certo para se ilustrar: Vanuatu é um estado insular da Melanésia, que ocupa o arquipélago das Novas Hébridas. Tem fronteiras marítimas com as Ilhas Salomão, a norte, com o território francês da Nova Caledônia, a sul, e com Fiji, a leste. A capital é Port Vila.

30 de julho de 1930 - Em Montevideu, os donos da casa vencem a Argentina por 4 a 2 e conquistam a Copa do Mundo de Futebol.

30 de julho de 1906 - Nascia Mario Quintana, poeta gaúcho.

A Toca fecha esse post com Quintana e algumas de suas frases e quadrinhas:

“Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.”

“A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe.”

“A amizade é um amor que nunca morre.”

“A arte de viver é simplesmente a arte de conviver ... simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!”

“A poesia não se entrega a quem a define.”

“A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda.”

“Autodidata é um ignorante por conta própria.”

BILHETE

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres, enfim,
tem de ser bem devagarinho,
Amada,
que a vida é breve,
e o amor mais breve ainda...

DA FELICIDADE

Quantas vezes a gente,
em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!

DA OBSERVAÇÃO

Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...

DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!

DO AMOROSO ESQUECIMENTO

Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

DOS MILAGRES

O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloqüência ao mudo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo!

"E um dia os homens descobrirão que esses discos voadores estavam apenas estudando a vidas dos insetos..."

Esquece todos os poemas que fizeste. Que cada poema seja o número um.

Há uns que morrem antes; outros depois. O que há de mais raro, em tal assunto, é o defunto certo na hora exata.


Em um 30 de julho de 2007, o Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba cassa o mandato do governador do estado, Cássio Cunha Lima e do vice-governador José Lacerda Neto, em decisão inédita no âmbito da Justiça Eleitoral das unidades federativas brasileiras. Depois, a Justiça do maranhão cassou o governador de lá.

Exatamente três anos depois, o ex-governador está sendo novamente julgado e pode ser condenado a perder o direito de disputar eleição este ano.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Benjamim, poeta dos clamores do povo


Esse Benjamim de quem falo é um poeta itabaianense, professor da Universidade Estadual de Campina Grande, vasto e extremoso humanista. Uma das principais marcas do nosso tempo é a falta de solidariedade e de amor ao próximo. Isso sobra em Benjamim, e também há em grande quantidade nesse mestre o talento poético, ponteando o tecido social com seus jogos de palavras geniais. É o amor pela humanidade puxando benjamim e a poesia puxando esse amor. E tem também o seu bem querer pela cidade de Itabaiana, onde viveu sua infância e adolescência, assim como esse velho blogueiro. Acho que é um dos poetas mais representativos do que Itabaiana tem de melhor, e olhe que aqui é o lugar do Brasil onde se encontra mais poetas por metro quadrado, como bem diz o poeta de Deus, Antonio Costta.


Atentai para esse poema de Benjamim:

Clamores do Povo

Ouvi dos clamores do meu Povo.

Ouvi os clamores dos Povos de Palmares,
de Catende,
de Águas Pretas
Povos abatidos pelas furiasas águas do Una,
pela ganância do canavial-latifúndio
Ouvi clamores
do meu Povo criador de burros, feirantes da beira do açude,
do meu Povo da Vila dos Teimosos, da Biblioteca de Santo da Terra
do meu Povo do Ligeiro
do meu Povo Indígena, os Povos Indígenas Brasileiros,
Xukuru, Tabajara, Potiguara . . .
do meu Povo Cirandeiro das Caianas,
do meu Povo dos Terreiros, da Jurema. O povo da Capoeira,
Povo do Talhado, do Grilo,
Pedra D'Agua, Matão, Pitombeiras . . .
O Povo Negro Brasileiro
Povo Negro Africano, de Cabo Verde . . .

Ouvi os clamores do Camponês, injustiçado,
analfabetizado,

Dos estudantes trabalhadores, dos estudantes filhos deles,
dos estudantes da noite. . .
que estuda de madrugada
Ouvi seus clamores junto com poetas, cantores,
estes seres sonhadores,
sonhei com a nova cidade
fiz da universidade prego, martelo, alicate,
agulha de alfaiate,
e desenhei a modelagem

de uma nova estrutura nasça a nova roupagem,
a nova sociedade

Pondo a tristeza fora
Clamores não hajam mais.
o balanço da ciranda,
o batuque do atabaque,
-qu'o povo não sofra ataque-
o que devo querer mais: zabumba xote sanfona,
baião e cabocolinho,
cinquenta cavalo marinho,
queima o frevo no salão,
maracatu campeão,
pipocando no xaxado,
tudo ficando ajustado,
minino barriga cheia, o rio bem comportado
Viva a Vida Nova
Meu Povo no seu Reinado.!!!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

País de papelão


Conhece aquele menino
Catador de papelão?
Já tem um cruel destino:
É símbolo de uma nação!

Tem tudo pra ser menino,
Alma, vida e aspiração,
Mas um país de cretino
Nega essa condição.

Um país que não se ama,
Que digno não se proclama
E que ao seu filho diz “não”,

Vendo o menino, é lembrado
E também classificado
De país de papelão.

Eliel José Francisco

DEU NA COLUNA DE RUBENS NÓBREGA (Correio da Paraíba - 28/07/2010)


Coisa mais sem sentido!

Com todo respeito e admiração que devoto a Glorinha Gadelha, não consigo entender a razão do processo que ela move na Justiça contra o escritor, poeta e ativista cultural Fábio Mozart.

Ela viu calúnia e difamação em crítica de Fábio Mozart aos impasses e desencontros que envolviam a anunciada construção de um memorial e/ou de um museu em homenagem a Sivuca.

A crítica foi publicada no blog Itabaiana Hoje. Nela, a única referência direta a Glorinha Gadelha está no seguinte parágrafo:

- Leio que vai ser construído em João Pessoa um memorial em homenagem ao mestre Sivuca. A notícia diz também que ele ganhará outro museu, esse na sua terra natal, Itabaiana. São informações desencontradas. O que se escuta por aqui é o boato de que Glorinha Gadelha, mulher de Sivuca, desentendeu-se com dona Dida, a prefeita, e o projeto do memorial dançou.

É isso. No mais, Fábio se reporta a um “tratamento puramente comercial” que estariam dando ao caso e a uma disputa “mesquinha” – e também judicial – pelo acervo de Sivuca. Mas, nesse ponto, ele sequer cita Glorinha como parte da contenda.

Quem quiser conferir é só procurar no blog e ler o artigo. Aposto como no final vai se perguntar como fiquei me perguntando: “Por que e pra quê isso, minha senhora?”.

terça-feira, 27 de julho de 2010


Erasmo ameaça me beijar

Convidei meu compadre Erasmo Souto pra visitar Itabaiana, seu berço que não o vê a pelo menos 20 anos. Ele respondeu: “estou aguardando o momento oportuno. E quanto chegar aí, farei questão de dar-lhe um beijo, não em sua homenagem que não gosto de homem bonito, mas como um preito de gratidão ao seu pai apenas pela existência dele.”

Um abração
Erasmo Souto

Erasmo, o velho Arnaud agradece. Quanto ao beijo, pode ser simbólico...

Aristeu Fatal quer me transformar em estátua

Fábio Mozart, Itabaiana pode se orgulhar de ter um filho de seu calibre. Pelos seus relatos, fico com inveja dessas iniciativas despojadas de qualquer tipo de auto promoção. Itabaiana pode se dar por feliz pelo filho que você é. Parabéns. Abraços. Merecedor de um monumento!

Eva Gomes de Oliveira leu meus Haikais

“Bravíssimo poeta, bravíssimo! Na entrelinhas, um humor tão delicado que, deliciosamente, dá um sabor especial a sua arte. Belíssimos haikays!”
Eva de Fátima Gomes de Oliveira nasceu em Rio Claro [SP], mas é jauense de alma e coração (Jaú/SP). É autora do livro de poesias 'Tatuagem'. Eva também é autora de vários contos. É membro do Grupo de Escritores Jauenses, criado pela Secretaria de Cultura e Turismo de Jaú. Um poema de Eva:

Gotículas gélidas
Pendem dos telhados
O inverno diz: bom dia!

Poeta de Minas bebe da pinga do Fabinho

Diney Marques é poeta amador, 66 anos, de Uberaba, Minas Gerais. Leu minha crônica “Poesia, poeta, língua e pinga” e mandou dizer: “Fábio,uma bela coletânea de conhecimentos literários. Poesia: palavras catadas ao vento e solidificadas em versos na alma.Continue a escrever pois ela é a cachaça que nos embriaga e nos tombos da vida ela nos realiza”.

Cogumelo do sul ficou preso na garapa poética

O cara atende pelo pseudônimo de Psilocybe, uma espécie de cogumelo alucinógeno. Diz que mora na Índia, mas é do sul. Acha-se ateu deísta, cético e cínico, amoral e justo. “Ô véio, pinga da boa esta aí! É sério, eu fico loucão lendo poesia, que nem preciso beber. Gostei de todas as doses, dos mais variados alambiques. E ainda fechou com chave de ouro! Pra curar ausência de futuro, eu bebo absinto no escuro...”

Troca-troca com Maria

“Gostei de seu texto. E proponho uma troca de livros. Eu lhe mando a minha última publicação "Vou te contar". E você me envia um dos seus. Se concordar, trocaremos e-mails com endereço.” – Maria Dilma Ponte de Brito, escritora do Piauí.

Obrigado Chiquinho

Chiquinho é de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Ele também gostou da crônica “Poesia, poeta, língua e pinga” e dá seu recado na Toca: “Oi companheiro! Continua o mesmo, incansável e com suas inspirações cheias de sabedorias. Abraços.”


De Tombos vem Dedete, bebericando cachaça poética

Dedete de Tombos/MG é minha leitora assídua. Um abraço pra você, Dedete. Ela diz que eu escrevo com vivacidade e achou também excelente a crônica “Poesia, poeta, língua e pinga”. Duas quadrinhas de Dedete:

Amigos sinceros
Pelo resto da vida
Não importa a distância
Coração em confiança.

Amigo querido
Receba meu abraço
E com muito cuidado
Guarde meu segredo.


Poeta carioca viajou na nobreza dos Luna Freire

Hélio Pequeno é do Rio de Janeiro e também leitor do velho Fábio Mozart. Tem 52 anos e gosta de escrever poemas. Leu a crônica “No dia da caridade, abram alas pra nobreza” e comentou: “Nada sei dos Luna Freire, mas gostei muito de ler o seu texto. Coisa rara por aqui...”

Em obediência à Legislação Eleitoral, suspendemos, temporariamente, o espaço para comentários, fazendo exceção ao relato do caso do eleitor cagão


Meus amigos e inimigos, o caso é sério. Jamais se ouviu falar de um protesto eleitoral de tal feitio. Eu lembro que no tempo da cédula de papel gostava de votar nas gostosas da minha cidade. Um desses sufrágios: “Voto em Gorete, a moça que não dá a bunda, mas faz boquete”. Outro: “Meu voto é de Edinha, a menina que é de todos, nem é tua nem é minha”. Teve um cabra safado que votou na periquita da mulher do Presidente da Mesa Apuradora, foi o maior auê.

Meu amigo Dalmo Oliveira, seu senso de liberdade é foda! Se pudessem, os caras do sistema retornavam de novo a escravidão só para sacanear o negão Dalmo, um cara que pratica o abstencionismo eleitoral ativo. Dalmo vai às ruas demonstrar sua insatisfação com esse cabaré político-eleitoral.

Crime eleitoral é eu ter que aturar esses cornos políticos mentindo na minha TV, na minha rua, no meu espaço.

Leiam o relato do Dalmo e depois a letra do samba “Comunidade Carente”, de Zeca Pagodinho:


Caro escriba leonino,

Esse post sobre a obrigatoriedade do voto me fez lembrar um tempo bom aqui no Geisel, lá pros finais dos 80's, quando eu e Zuma nos vestíamos de palhaços, ou de burguês e operário, um arrastando ou outro com corrente no pescoço, para votar na mesma Zona Eleitoral do colégio estadual, vizinho à casa de Tia Neves. Era sempre um protesto bem-humorado contra a obrigatoriedade do voto. Numa ocasião fomos até alvo de matéria televisiva feita pelo colega Gilson Renato (na TV Tambaú, àquela época).

Era um dia festivo, regado a cerveja gelada o resto do dia (nas intucas) na casa do velho Freitas. Naquele tempo compúnhamos o Coletivo Anarquista de João Pessoa (CAJP) que durou 93/94, uma agremiação cheia de anarcopunks e revoltados de vários matizes. A diversão da galera era limpar o cu com a cédula de papel ou meter cola pra estragar as outras que já estavam na urna. Pense numa vingança! Kkkk


Comunidade Carente:

Eu moro numa comunidade carente

Lá ninguem liga prá gente

Nós vivemos muito mal

Mas esse ano nós estamos reunidos

Se algum candidato atrevido

For fazer promessas vai levar um pau



Vai levar um pau prá deixar de caô

E ser mais solidário

Nós somos carentes, não somos otários

Prá ouvir blá, blá, blá em cada eleição



Nós já preparamos vara de marmelo e arame farpado

cipó-camarão para dar no safado que for pedir voto na jurisdição

É que a galera já não tem mais saco prá aturar pilantra

Estamos com eles até a garganta

aguarde prá ver a nossa reação

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Quando o sonho faz a vida


Estudantes de Itabaiana no Ponto de Cultura Cantiga de Ninar

Kátia Rogéria*

Em alguns momentos ou circunstâncias da vida, a distância entre o sonhar e o fazer é tão grande que os sonhos se perdem por caminhos de devaneios e obstáculos. Mas, quando se faz o momento de fazer, aquele mágico instante em que vida e sonhos se confundem, então nada mais impede o encontro de sonhos e ações, com idéias que fecundam ideais, em forma de atos gratuitos, e concretos na sua feliz (con)sequência.
Concretos nos bons reflexos sobre tantas vidas. Gratuitos pelo desprendimento com que são concebidos e (tantas vezes dificilmente) realizados. É o realizar-se no outro, junto com tantos outros, através dos potenciais nele contidos, e tantas vezes adormecidos à espera de um gesto gratuito.

Falar disso não é filosofar, poetizar, combinar palavras, apenas. É bem mais uma forma de sintetizar, analisando com a profundidade dos sentimentos, o que tem brotado da semente cultural lançada recentemente sobre a cidade de Itabaiana, com a criação - e progressiva concretização - do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, uma iniciativa já existente em tantas outras cidades brasileiras, com o apoio do Ministério da Cultura.

No projeto idealizado pelo escritor, jornalista e agente cultural Fábio Mozart, junto com o também escritor Marcos Veloso, e executado com a participação de pessoas tão idealistas quanto dinâmicas como a jornalista Clévia Paz, o músico Vital Alves, os amantes e atores do teatro amador como Fred Borges, Edglês Gonçalves, Das Dores Neta, Joelda, Rosy Chaves e Zé Severino, atuais integrantes do Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana (Geti), além de tantos outros que acreditam na cultura como forma de vida, além de expressão de arte, numa ação transformadora de realidades distorcidas ou inacabadas.

As atividades diárias ainda se restringem a oficinas de mosaico, música e teatro, mas o Ponto de Cultura já transforma sonhos em (até mesmo inesperadas) expressões artísticas, com a desabrochar de talentos, nas ações que revelam ou lapidam potencias, algumas vezes adormecidos.

Por ocasião do lançamento do novo livro de Fábio Mozart, intitulado “Biu Pacatuba, um herói do nosso tempo”, no último sábado (dia 24), o público presente na sede do Ponto de Cultura teve uma clara e prazerosa mostra do que é feito (e do muito que se pode fazer) através dessa iniciativa.

Além da publicação, contando a história de um líder atuante em momentos conflituosos entre trabalhadores e proprietários rurais (à venda no Ponto de Cultura), a programação da noite revelou o talento de músicos e jovens cantores, junto a atores espontaneamente talentosos, todos integrantes das oficinas de teatro e música, seja como professores ou aprendizes. A peça “O ABC de Zé da Luz” lembrou mais uma vez a importância do poeta popular itabaianense e da valorização da cultura através dos personagens locais.

Na platéia, como no palco, atores da realidade atual protagonizaram esse momento, já pleno de realizações e fecundo em novos sonhos. Sonhos, por exemplo, feitos das notas musicais a brotarem dos novos instrumentos doados ao Ponto Cultural pelos integrantes da Cavalgada da Integração João Duré, realizada no último mês de maio, através do coordenador José Mário Filho. Entre as promessas futuras, o potencial visível (e audível) dos que acreditaram e tornaram concreta essa idéia, e o interesse cada vez crescente do público, que apóia e usufrui das expressões artísticas já apresentadas. Vale a pena aguardar e conferir as que estão por vir.


* Jornalista itabaianense

Dia dos avôs e das avós


Vinte e seis de julho, data em que se comemora o Dia dos Avôs e das Avós. Isso porque se convencionou que nesta data nasceu Santa Ana, mãe de Maria e avó de Jesus.

Tem gente que não acredita que Maria, Ana ou Jesus tenham nascido algum dia, mas eu tenho certeza de que tive avô e avó. Não cheguei a conhecer meus avôs, mas convivi com minhas avós materna e paterna.

Duas senhoras de caráter oposto. Uma era doce e carinhosa, a outra durona, de aparência austera. A minha vó Joaninha, mãe do meu pai, a gente chamava “Vó do Cachimbo”, porque ela gostava de pitar seu cachimbinho. A outra, vó Biu, era conhecida por “Vó do Picolé”, que era o único agrado que ela se permitia fazer aos netos: picolés de maracujá. Sabor da infância, reminiscências de tempos mágicos.

Nossa Senhora de Santana abençoe os avôs e as avós.

Hoje é dia da morte de João Pessoa. O homem que serviu de bandeira, depois de morto, para Getúlio Vargas alcançar o poder e construir a ditadura do Estado Novo.A Paraíba ainda hoje está de luto, com sua bandeira feiosa rubro-negra. A palavra “nego” comanda o espírito de negação sistemática ao progresso social e econômico da velha Parahyba do Norte.

domingo, 25 de julho de 2010

Censura na Toca


Júnior Pacheco

Recebi intimação de juiz concedendo liminar onde proíbe esse blog de citar nome de determinada pessoa, sob pena de pagar multa no valor de R$ 7oo reais por dia.

Seguindo a máxima de que decisão da Justiça não se discute, mas se cumpre, não entro no mérito dessa decisão. Pelo menos por enquanto, já que o caso está “sub judice”.

Estive em Itabaiana no último sábado, dia 24 de julho, para o lançamento de um livro, onde encontrei o vereador Júnior Pacheco, que sugeriu apresentação de uma “Moção de Desagravo” a ser votada na Câmara Municipal de Itabaiana. Manifesto minha gratidão.

Nessas circunstâncias, todo apoio é bem vindo. É mais uma ferida a se juntar às cicatrizes dos golpes que tenho experimentado nesses 40 anos de exercício do jornalismo. Já fui perseguido pelo regime repressivo de 64. Até o bispo certa ocasião censurou um texto para teatro de minha autoria. Mas como afirmei, não é conveniente argumentar sobre essas coisas no momento.

Comove a este velho Leão o interesse de um conterrâneo em se fazer porta voz da minha comunidade nessa Moção de Apoio. Agradeço publicamente ao nobre vereador Júnior Pacheco e seus pares, como jornalista e cidadão emérito de Itabaiana, título que me foi outorgado pelo mesmo corpo legislativo itabaianense no ano passado.

Sem discussão


Faz uns cinco anos sofri uma batida por trás. Subindo a D. Pedro em frente à Rádio Tabajara, uma mulher reduziu bruscamente a velocidade na minha frente, eu pisei no freio e um mané bateu atrás do meu Gol velho de guerra.

A porra da D. Pedro ainda não havia sido duplicada, o tráfego começou a enrolar, teve início um apitaço. Desci do carro pra ver o prejuízo. Era uma picape caindo aos pedaços, dessas de pegar frete. O cara já saiu chorando:

-- Doutor, isso é uma merda! Mulher dirigindo só dá nisso. Eu vi, ela freou de repente, o senhor teve que brecar também. Esse carro é meu ganha-pão, moro no Cangote do Urubu, tou desempregado, minha sogra continua na minha casa, meu nome está no Serasa e sou torcedor do Botafogo da Paraíba.

Virei as costas, entrei no meu Gol meia boca e me mandei.

Uma perua velha me tascou um processo na Justiça pedindo indenização por danos morais. No dia da audiência, entrei calado na sala e saí mudo. A velha me olhou com cara de odiosidade, mas também não disse nada.



O telefone só fazia tu, tu, tu, tu, tu, tu... Dois dias tentando falar com o cara que me devia uma grana. Avistei na rua, ele se escondeu. Fui na casa do gaiato, mandou dizer que não estava. A portadora do recado: sua mulher, um peixão do rabo grande que ficou me olhando com cara de tarada. Fui no camelô, comprei o último sucesso dos Aviões do Forró, “Todo castigo pra corno é pouco”, e mandei pro cara. Esqueci a dívida.

Mandei trocar o disco de embrenhagem do Gol. O mecânico botou artefato usado e me cobrou por uma peça nova. Fiquei olhando pra ele um instantinho, com vontade de perguntar se na minha testa estava escrito “otário”. Cabeça de Cuia era um mecânico que eu conheci. Ele cobrava o freguês dizendo um lenga lenga sem pé nem cabeça, tentando confundir o mané. Só não falava da “rebimboca da parafuseta”. Esse que trocou o disco de embrenhagem não tinha imaginação. Paguei e fui embora, tentando desviar o foco da discussão que travava comigo mesmo: tem algo mais irritante do que presenciar alguém querendo te "passar a perna? E por que a gente não reage?”

No cabaré de Carminha, em Mari, eu tomando umas cervas com um amigo. Saindo pra mijar, na volta as “meninas” botaram mais algumas garrafas vazias na mesa, pra bombar a conta. Meu amigo tentou reclamar, atraindo a atenção de Carminha, uma imensa rapariga com mais de 200 quilos de banha:

-- Quem é o veado que não quer pagar a conta?

Paguei imediatamente, ainda deixei gorjeta para as marotas mariposas.

Burro, otário e imbecil, mas calado. Somos os tais perdedores. Se encontrar com algum de nós na rua, não discuta. Nós não gostamos de polêmica, só pagamos a conta e vamos embora.

sábado, 24 de julho de 2010

Puro Charme defende música em Mostra do Sesc


O cantor Túlio, da banda Puro Charme, defendeu ontem (24 de julho), a música “Canção do Desterro”, de Fábio Mozart e Hugo Tavares. Foi no encerramento da Mostra SESC de Música Paraibana, que escolheu 18 músicas para compor o CD de registro do festival.
Grandes talentos sabem transformar o mais simples dos palcos em um grande momento. Foi o que o cantor Túlio mostrou em sua apresentação. Na verdade, Nino quem estava escalado para cantar, mas sofreu um problema estomacal de última hora, sendo substituído por uma cantora. Essa também teve impedimentos, convocando-se na undécima hora o Túlio, que deu conta do recado apesar de ter ensaiado a música apenas uma vez, à tarde.

Ao meu compadre e parceiro Hugo Tavares, os cumprimentos pelo reconhecimento de sua canção, que já não é mais periférica, vai ter registro em CD, foi escolhida entre 60 inscritas, o que é sinal de qualidade.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O pangaré da oposição


Encontrei meu amigo Renato Almeida na rodoviária de Itabaiana e ele me perguntou de chofre: “quem foi o candidato a vice-prefeito na chapa de Arnaud Costa?” Confesso que não sei a resposta, vou perguntar ao meu pai.

Renato Almeida é filho do finado Nô Almeida, político das antigas em Itabaiana. Junto com Arnaud Costa, Edmilson Batista, Zé Silveira, Zé Pedro Araújo, Zé Crente, João Quirino Neto e outros expoentes da política local, nos idos das décadas de 50/60/70, faziam a linha de frente do Partido Social Democrata, depois Movimento Democrático Brasileiro. João Quirino era o próprio partido personificado. Dedicou a vida inteira à política, sem nunca ter amealhado um tostão nessa atividade. Eram políticos que gostavam da missão voluntária de ajudar a coletividade. Nasceram predestinados para o bem comum.

Renato Almeida lembra episódios envolvendo um punhado de conterrâneos durante as agruras da ditadura militar. Irrompendo o golpe, o Exército passou a perseguir os homens do PSD. Por motivos jamais sabidos e revelados, as forças armadas acharam de ir ao encalço de cidadãos tipo Zé Crente, cujo único crime é dissimular um pouco a verdade quando conta causos de sua vida aventurosa no Rio de Janeiro. Corriam atrás de pessoas como seu Candinho, proprietário de terras que estava a duzentos mil quilômetros de distância de um comunista, só porque o homem um dia foi candidato a prefeito pelo PSD.

Mas o fato é que, volta e meia, o Exército dava buscas para prender os políticos populistas de Itabaiana. A rápida retirada das tropas da oposição se dava para os sítios na zona rural, escondendo-se em casas de amigos. Renato garante que numa dessas fugas, meu pai Arnaud Costa escapou em um pangaré que atendia pelo nome de “Mamão”, pertencente ao respeitável fazendeiro Zé de Paulo, membro do partido, amigo dos líderes Humberto Lucena e Rui Carneiro. Arnaud saiu a galope para o sítio Caldeirão, escondendo-se dos “verde oliva” provocadores do terror naquela pequena e pacata comunidade itabaianense. Meu pai era muito visado: foi quem redigiu o manifesto oficial de repúdio à ditadura a mando do seu chefe, o prefeito Hugo Saraiva.

Lembro-me bem, apesar de contar apenas uns nove anos de idade, quando irrompeu o golpe militar. Meu pai empreendeu a primeira fuga junto com seu amigo Josué Dias de Oliveira, irmão de Sivuca. Foram parar no interior de Pernambuco, em um lugar chamado Salgadinho. Nem o longo tempo decorrido conseguiu apagar-me da memória o estado de pavor em que ficou nossa família. À boca da noite de um certo dia de 1964, parou um jipe em nossa porta, de onde desceram uns soldados armados de fuzil procurando meu pai. Um oficial da cara miúda de sagui, com um sorriso sarcástico, fazia perguntas à minha mãe. Para ser sincero, acho que veio dali minha ojeriza, meu sentimento de antipatia por tudo que seja militar.

“Puro Charme” canta Hugo Tavares


Hugo Tavares é músico e poeta

Hoje (23 de julho) às 20 horas, no palco do Sesc da Lagoa, em João Pessoa/PB, apresenta-se a banda “Puro Charme” na Mostra Sesc de Música. Defendem a “Canção do Desterro”, música de Hugo Tavares para letra de Fábio Mozart.

O poeta e compositor Hugo Tavares é paraibano, radicado no Rio Grande do Norte, onde é radialista na Rádio Comunitária Santa Rita, da cidade de Santa Cruz.

A banda Puro Charme é formada por músicos profissionais de muita qualidade, que não se prendem a um único estilo, tocando bolero, forró, samba, pagode, valsa e demais variações. A banda tem um vasto repertório e anima bailes de casamento, recepções e eventos culturais. "Indo do rock até o pop, passando pelo regional, fundimos tudo num espetáculo realmente interessante para todos os gostos", conta Arnaud Neto, o líder da banda. Ele e o baixista Max Robespierre Mozart são meus filhos.

Na coluna social do jornal O Norte, de domingo dia 18 de julho, saiu a notinha:

Zum Zum Zum

O poeta e coordenador do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, Fábio Mozart, está todo prosa! Sua música "Canção do Desterro" foi classificada para a Mostra Sesc de Música Paraibana. O evento começa na próxima quarta-feira.


Não estou todo prosa. Estou na verdade prosa e verso. E melodia.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Caminhos entrelaçados


Ele cantava o amor, a vida e as mulheres. Ela não cantava nada. Muito mal se emocionava com a novela das oito.

Cantador errante, ele acabou batendo em seu portão de grades coloniais. Ela assumiu seu carma sem entender de esoterismo.

Embora sem preocupação, ele ficava impressionado com a vulgaridade daquela mulher comum. Ela comungava semanalmente e gostava de pensar-se nua na sacristia, com o padre à deriva.

Ele carregava pedras na mochila, uma garrafa de conhaque e um retrato 3x4 de São Martinho, o padroeiro dos bêbados. Ela levava um leptop, batom, celular último modelo e camisinha feminina.

Ele exorcizava os demônios tomando cachaça com limão e praticando a poesia dos desvalidos. Ela vivia algemada pelo feitiço da banalidade, pensando que estava no sétimo céu, passando ao largo dos templos de Baco.

Ele praticava o amor cortês, com esperança de que fosse tratado como o lulu de estimação. Ela lavrava sua vida sem sangue e sem espírito.

Ele, ao acaso dos fatos, perdeu seu rumo e navegou na transgressão. Preso, fez-se incorrigível e pegou pena perpétua e definitiva: casou.

Ela, à moda das mulheres de Atenas, despe-se pra o seu marido, e à moda das madames lúbricas da Rua das Flores, aprecia o malandro de olhar sedutor e gentileza gratuita.

Ele fugiu para o interior e destruiu seu interior. Ela ficou na capital acumulando.

Ele a acompanha por toda a Eternidade, sorvendo a taça da servidão e o constrangimento eterno da mágoa dos traídos. Ela queima na febre dos insensatos, abrasa na grelha do sexo insano e delirante. Ele murcha na pira dos derrubados.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Poesia, poeta, língua e pinga


Luiz Fernando Veríssimo sustenta que a única língua verdadeiramente universal é o espirro.

Mia Couto é um escritor moçambicano muito considerado no mundo de língua portuguesa. Escreve: “Estamos criando uma língua apta para o futuro, veloz como a palmeira, que dança todas as brisas sem deslocar seu chão. Língua artesanal, plástica, fugidia a gramáticas”.

"A poesia é feita de pequeninos nadas" diz Manuel Bandeira

Em outubro de 1981, Cora Coralina escreveu:

Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces.
Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

Eliel José Francisco me disse, depois de emborcar uma lapada de Pitu: “Minha poesia ainda vive sob o Estatuto de menoridade cultural”.

Bob Marley cantava com a cuca fervendo de “erva cidreira”:

" Somos jovens, belos, bêbados e Karetas...
Sempre em bandos e as vezes em dois...
Curtindo grandes amores, chapados, pirados...
Pelados, olhando as estrelas a espera de carinho e a procura
de um futuro que não chega. "
Maurício Pereira é um poeta desconhecido que mora em um lugar fora do mapa. No recanto de um bar anônimo, tendo como ouvinte um bebinho sonolento, escreveu na toalha da mesa:

Sorte tem os bêbados,
pois conseguem dormir.
Sorte tem os Loucos,
pois são livres para agir.
Sorte tem os idiotas,
pois conseguem amar e sorrir.
Gostaria de fugir da realidade em que vivo
e entrar em um copo de whisky,
Para ser Louco e idiota
Assim, faria o que quisesse
Sorriria, dormiria e teria a capacidade de amar.
Ah! como eu os invejo!

Roberto Campos é um economista direitista e grande defensor da “liberdade” de mercado. Já saiu da área. Depois de tomar seis uísques 12 anos, filosofou: “Brasil e Argentina parecem dois bêbados cambaleantes a cabecear nos postes. Só que, enquanto a Argentina parece estar a caminho da economia de mercado, o Brasil parece estar de volta ao bar.”

“Estou fora de combate, vou terminar meu enfarte”, disse Marcelo Cordeiro, tomando a saideira e saindo para o hospital, cuidar de um pequeno entupimento nas veias.

“Sempre me perguntavam porque eu gosto de poesia. Talvez eu soubesse a resposta, mas nunca soube responder. Hoje, se vierem me perguntar porque eu gosto de poesia, já sei responder: porque ela me tocou no momento mas inesperado e desimportante da minha vida. Ela me tocou suave e breve como essas palavras que ao findar vão dar em nada”. (Tiago, um jovem ouvinte de poesia de bar).

Do velho compadre Joacir Avelino: “a poesia anda em baixa devido ao grande número de aventureiros que se metem a ser um "Drummond", mas quando surge um Eliel junto com Fábio Mozart, não me deixa nenhuma dúvida de que a poesia não morreu, porque ainda existem pessoas com essa leveza no trato com as palavras. Os versos de Eliel merecem ser publicados e divulgados. Avante Itabaiana!”

Como “expulsadeira”, esse poema do bêbado, anônimo:

Prá curar sua paixão, beba pinga com limão;
prá curar sua amargura, beba pinga sem mistura;
contra dor de cotovelo, beba cachaça com gelo;
contra falta de carinho: cachaça, cerveja e vinho!
Se brigar com a namorada, beba pinga misturada;
se brigar com a mulher, beba pinga na colher;
quem dá amor e não recebe, mistura todas e bebe;
e se alguém lhe faz sofrer, beba para esquecer!!!
Prá curar seu sofrimento, beba pinga com fermento;
prá esquecer um falso amor, beba pinga com licor;
prá acalmar seu coração, beba até cair no chão;
e se a vida não tem graça, encha a cara de cachaça!!!
Pra você ganhar no bicho, beba uma no capricho;
pra ganhar na loteria, beba pinga na bacia;
pra viver sempre feliz, beba pinga com raiz;
e se você não tem sorte… beba pinga até a morte!!!

terça-feira, 20 de julho de 2010

A volta do poeta fluvial


Eliel José Francisco veio de Paulista para visitar Itabaiana, sua querida terra natal. Chegou trazendo debaixo do braço um catatau de versos que traduzem seu bem querer nativista, invocando o passado e tomando cachaça nas barracas do Carretel e do Cochila. “O passado é uma carga pesadíssima, e para carregá-lo tem que tomar cachaça com caju e pitomba”, acredita o poeta Eliel. De vez em quando ele sente a urgência de visitar Itabaiana, ver seu rio Paraíba onde nadou feito piaba nas cheias de antigamente.

Como nas epopeias antigas, Eliel quer perpetuar em seus poemas, por todos os tempos, o destino de um povo sem muito destino. “Minha poesia é ‘Os Lusíadas’ do pé-rapado, do fuleiro que toma cana e leva tapa da polícia, do zé-ninguém que leva chifres da mulher e se vinga no mel podre da ponta de rua”. Mas ele é capaz de fazer versos tão bonitos como este:

“...foi em legítima defesa
Que eu matei a saudade...”


Professor de inglês, Eliel José Francisco fala mesmo é a língua da Maloca, do Cochila e do Apertado da Hora. “Passei a escrever versos fesceninos, porque em geral o povo gosta de sacanagem”, explica o poeta. “A prova disso é que votam sempre nos mesmos políticos feladaputistas”, raciocina. Eis alguma coisa nesse gênero:

Que saudade da Quixola
Lá do alto do Cochila
Aonde eu jogava bola
Com o nome de “Quizila”.

É a ausência do gosto
Da boceta de Maria
Que esfregava no meu rosto
O bocetão todo dia.

Eu que não era um jumento
Era apenas um menino
Até hoje inda lamento
Dessa boceta o destino.

Porque eu amo a xoxota
E o gosto do perino!
Como qualquer poliglota
Que não é fresco ou cretino.

Também em louvor à dona vulva, Eliel gosta de declamar:

Diz Eliel lá na feira:
Não és tu, Deus, que governas.
É essa caranguejeira
Que a mulher tem entre as pernas.

Rezando na matriz da Conceição, o poeta pediu:

Ó milagroso Jesus!
A vós só peço justiça.
Fazei com que minha cruz
Seja feita de cortiça.

Nessa última visita, o poeta mandou ver umas estrofes me elogiando, que eu fiquei até tomado por sentimento de gratidão pelas palavras do Eliel, pois o Estatuto do Idoso permite ao velho receber bajulação explícita e caridosa sem ficar acanhado.

Disseram que eu sou poeta
Amante da poesia
Um rimador e esteta
Perfeito na ritmia.

Entretanto, ao ler os versos
Do grande Fábio Mozart,
Nos ritmados processos
E de rima singular,

Pensei: sou meio poeta
Das liras de Itabaiana
Ou, na verdade, um pateta
Que com versalhada engana.

Mas seja lá como for,
Na limitação da lida,
Eu canto com muito amor
Itabaiana querida.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Ata histórica


Recebi do meu compadre Joacir Avelino um documento histórico: a ata da eleição da Comissão Provisória do Partido dos Trabalhadores em Itabaiana/PB, eu figurando como o primeiro presidente, tendo como secretário o próprio Joacir e tesoureiro meu irmão Sósthenes Costa. O delegado para representar o Partido junto ao Juiz Eleitoral: Roberto Rodrigues Palhano, que depois saiu candidato a prefeito, obtendo o consagrador resultado de 178 votos. A ata está assinada pelo juiz da época, Dr. Reginaldo Antonio de Oliveira, que se concentrava nos requintes dos protocolos legais, sabendo que aquela moçada nunca iria alcançar o quorum para formalizar o partido. Conseguimos a duras penas, como já contei em crônica anterior, em uma convenção que ficou entre a comédia e a farsa.

Vou entregar a ata ao pessoal do PT atual de Itabaiana, já que se trata de um documento histórico que não me pertence. Espero que eles guardem a relíquia de 1981, que ano que vem faz 30 anos. Num país desmemoriado, é importante preservar documentos desse tipo, cuja importância é calculada não pelos personagens envolvidos, mas pelo registro histórico.

No próximo ano, em 9 de maio, o PT de Itabaiana completa 30 anos de fundação. Não cabe aqui comentar os descaminhos do partido ao longo desses 30 anos. Há mais de 10 anos pedi minha desfiliação. Entretanto, vivo sempre buscando e encontrando o que vale a pena lembrar e preservar. Até porque, neste caso, o Partido dos Trabalhadores de 1981 não tem nada a ver com o PT de Dilma e do Lula atual. Os próprios trabalhadores reagem a outros estímulos, e os caras pintadas, caras desavergonhadas, caras cheias de cachaça e esperança de outrora já não são nem sombra do que um dia foram. Nós, os subversivos de 1981, somos hoje exóticos saudosistas, outros continuam cachacistas e mais alguns viraram a casaca e servem ao sistema repressor do “Grande Dragão da Maldade”.

O “comunista/socialista” Roberto Palhano, primeiro candidato a prefeito de Itabaiana pelo PT, hoje bate ponto no Bar do Zezão no Geisel, onde oferece meu livro “Biu Pacatuba”. Sábado passado ele trocou meu livro pela obra “No Tempo das Coisas Singelas”, do meu confrade Tião Lucena. Pois foi no tempo das coisas singelas que se deram os fatos narrados nesta ata do PT de Itabaiana.

Sem ter nada a ver e tendo, quero aqui apreciar o comentário do leitor Gilson Renato, criticando minha posição sobre a obrigatoriedade do voto. Gilson: sua defesa da obrigatoriedade do voto merece respeito e congratulações pela excelência textual da ideia. Mas sou anarquista e quero para mim a satisfação de saber que não compareci nessa festa “pobre” sem saber o nome do “sócio” e do seu “negócio”, conforme cantou Cazuza.

Não votar: eis a questão.

Longe vai o tempo em que eu fundava partido político sonhando com uma democracia popular, seja lá o que diabo isso signifique.

No dia da caridade, abram alas pra nobreza


Marluce Luna Freire

Hoje, 19 de julho, é dia da caridade. Mas não é de caridade que pretendo falar hoje, embora o foco da matéria esteja morando numa instituição filantrópica, a Vila Vicentina em João Pessoa, casa de assistência social que abriga pessoas idosas. É lá onde mora dona Marluce de Luna Freire Jansen, uma matrona respeitável pela tradição de sua família e pelo nobre proceder. Foi ela quem me passou informações importantes da família Luna Freire, fundadora da cidade de Mari. Muitos dos seus conhecimentos em relação à família foram aproveitados no meu livro “Biu Pacatuba – um herói do nosso tempo”, contando fatos e perfis de Mari e Sapé.

O escritor Antonio Freire, no seu livro “Araçá dos Luna Freire”, informa que os Luna Freire constituem-se antiga família de Pernambuco, com ramificações na Bahia, procedente de Macário de Luna Freire [1808, PE - 1882]. Na Paraíba, concentraram-se na região do litoral. Foram os fundadores e construtores da civilização mariense.

Dona Marluce tem 84 anos, é viúva de Luiz Gonzaga de Figueiredo, nascida em Patos, filha do coronel Vicente Jansen e de Alzira de Luna Freire Jansen, casal que botou no mundo 18 filhos. Ficou deslumbrada com as narrativas contidas no meu livro sobre sua família, reconhecendo muitos dos personagens ali descritos. A primeira professora de Mari, Carminha Luna Freire, é sua prima em terceiro grau. Essa mestra pioneira foi casada com Joaquim de Luna Freire, seu primo. Apolinário Luna Freire, outro personagem do livro, é seu tio.

O retrato que dona Marluce me fez de sua família durante várias entrevistas denota objetividade e exatidão. Sua lucidez e modos aristocráticos aumentavam a cada sessão, de modo que ela exclamou quando fiz esse comentário: “continue sempre me visitando, quem sabe eu acabo novamente menina, nisso de remoçar a cada mergulho no meu passado.”

O produto final agradou à ilustre representante dos Luna Freire. Ela disse que já leu o livro duas vezes. Afinal, tem à sua frente o melhor de sua vida e dos seus parentes, em meio a antigo fausto e modos de vida hoje anacrônicos, mas que forjaram nossa cultura. Muitos anos de vida para dona Marluce, a mais nobre e ilustre fonte do meu humilde livrinho sobre as lutas do povo na várzea do Paraíba e a saga dos pioneiros.

domingo, 18 de julho de 2010

Velhas anedotas de Biu Penca Preta


Encontro meu amigo Biu Penca Preta no centro de Itabaiana. O cabra vai logo cobrando: “cadê o livro sobre minha vida?”. Ele quer um livro cujo título será “As aventuras de Biu Penca Preta no mundo da fuleiragem”. Fuleiro é o sujeito cafona e sem seriedade. Biu Penca também se assume como um autêntico tabacudo, que é uma palavrinha para adjetivar desde o abestalhado até o metido a besta.

Antigamente Biu Penca Preta se apresentava como engenheiro do Departamento de Estradas de Rodagem. Depois, quando conheceu o poeta Jessier Quirino, passou a dizer que era arquiteto. Mudou de profissão quando ouviu falar que o arquiteto fica entre o engenheiro e o decorador, sem saber se definir. Mesmo porque o computador faz tudo que o arquiteto faz e mais um pouco. Caiu fora e no momento assume o papel de contador, trabalhando com o meu amigo Som, que não para de contar os prejuízos causados pelo seu assistente.

Mas Biu tem uma coisa importante: senso do humor. Estudos indicam que a maioria das pessoas não tem senso de humor. A psicologia garante: quanto maior o senso de humor do indivíduo, mais proveito tira da vida. Outra: os caras dotados de fulgurante senso de humor têm inteligência acima da média das pessoas.

Biu conta que estava sentado no ônibus mascando chiclete em silêncio. Foi quando a velhinha ao lado disse:

– Agradeço a gentileza de querer conversar comigo, mas eu sou completamente surda.

A senhora entra no açougue com seu cãozinho lulu e começa a conversar com o cachorro como se fosse uma criança:

– Coitadinho do meu filhinho, fica no colinho de mamãe...

Biu pergunta:

– É cachorro único, madame?

Biu viajou e mandou uma carta para a mulher: “Não tenho tempo para escrever uma carta, por isso escrevo um cartão. Não posso dizer muito num cartão, por isso vou terminar.”

Depois de dois anos de casado, Biu disse que a mulher queria deixá-lo.

– Ela alega que eu faço muita raiva e ela tá emagrecendo. Só tá esperando que eu a faça chegar aos 55 quilos para me mandar embora.

Abriu a carteira e olhou brabo para a mulher e o filho:

– Esse menino tirou dinheiro da minha carteira! – berrou ele.

– Como sabe que foi ele? Podia ter sido eu – protestou a mulher.

– Você não foi. Ainda ficou um pouco na carteira.

Uma vez uma prostituta se ofereceu. Biu recusou:

– Se eu gostasse de tudo que mija sentado, criava rãs e sapos.

A madame chega ao mercado de peixes onde Biu trabalha.

– Dizem que peixe é tônico para o cérebro. Que quantidade de peixe devo comer por dia?

– A senhora coma duas baleias de tamanho médio – aconselhou ele.

Cinema de Zé Medeiros lotado. A fita era “..E o vento levou”. O galã enlaça a mocinha e tasca-lhe um longo e apaixonado beijo. Silêncio total na plateia. Na fila de trás, Biu grita:

– É assim que eu digo pra minha mulher fazer comigo!

Biu no espetáculo de mágica. O mágico:

– Preciso de um voluntário para comprovar que nada tenho escondido na boca.

Biu se apresenta. O mágico abre a boca:

– Diga à plateia o que o senhor está vendo:

– Piorreia, declarou Biu.

Durante cinco minutos a plateia rebentou de riso.

sábado, 17 de julho de 2010


Em 1958, um rinoceronte virou celebridade em São Paulo. “Cacareco”, o nome da fera, fez-se rei do zoológico, saindo até em coluna social. Virou celebridade. Na eleição daquele ano, “Cacareco” foi eleito vereador com mais de 100 mil votos, o candidato mais votado. No jornal Última Hora, Stanislaw Ponte Preta comentou que "diversos membros da cúpula do PSP andaram rondando a jaula de Cacareco, para o colocarem no lugar de Adhemar de Barros".

Saudades do tempo em que o eleitor podia se vingar da canalhice política votando em rinoceronte, bode, “Amigo da Onça”, veado, ou nele mesmo. Era o tempo da cédula de papel.

Hoje meu compadre Ivaldo Gomes quer dar seu voto de protesto e o máximo que pode conseguir é seu voto ser considerado um erro pelo TRE, que entende que você não soube votar e simplesmente anula sua participação.

A democracia nunca funcionou no Brasil. A tal Justiça Eleitoral é guardiã feroz do voto obrigatório. Tem juiz que sonha com uma lei tornando crime hediondo a ausência do eleitor nas urnas. Político nem se fala. Estamos perdendo nossa capacidade de reagir a essa canalhice toda. Pelo menos no tempo da cédula de papel a gente podia exercer o direito de frescar com essa turma. É como diz Ivaldo: votar é consagrar o círculo do vício. O melhor candidato não pode se candidatar porque não tem grana, não pode entrar no partido que tem dono e não tem lobby da imprensa.

Ao contrário de algumas informações que rolam na internet, não importa o número de votos nulos que alcançar a eleição, isso não fará com que uma nova seja convocada e que a troca dos candidatos se realize. A lei eleitoral só fala em anular uma eleição quando existe alguma irregularidade no tal do pleito, alguma suspeita de corrupção. Como nunca irregularidade alguma é provada, que esse povo é profissional, sem chance de anular qualquer eleição.

E o que é pior: quem vota nulo ajuda a diminuir o quociente eleitoral. Assim, se um candidato bandido precisa de 100 mil votos pra se eleger, com 50 mil ele consegue. Por isso minha decisão: não vou comparecer à sessão eleitoral. Pago 3 reais de multa e com o troco tomo duas bicadas de conhaque de alcatrão em louvor a Cacareco.

Minha campanha é: não saia de casa no dia da eleição.

Quero de volta minha cédula de papel!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Encontro de blogueiros convida Fábio Mozart para palestra


Caro Jornalista
FABIO MOZART

CONVITE

Nos dias 13 e 14 de agosto estaremos realizando o I INFOBLOG – Informação, Cultura e Arte na Paraíba. O Encontro tem a pretensão de reunir blogueiros das regiões da zona da mata, brejo e litoral, para discutirem uma forma de se estabelecer compromissos para com a difusão das diversas linguagens artísticas da região, potencializando toda a produção cultural local. Outros temas como: “Blog como ferramenta de comunicação e expressão”, também serão abordados. Cada palestrante poderá escolher um tema, tendo como foco principal Informação, Cultura e Arte na Paraíba.

Gostariamos de te-lo como Palestrante. Aguardamos resposta, para que possamos fechar a programação.

Local: Câmara Municipal de Sapé / Paraíba
Data: 13 e 14 de agosto de 2010

A Organização disponibilizará hospedagem em apartamento duplo, para os Palestrantes, a partir das 11 horas do dia 13 e saída às 18 horas do dia 14.
Café da manhã, almoço e jantar também serão garantidos.
Data show, telão e som serão disponibilizados.

Organização: Nilson Sótero e-mail: nilsonsotero@gmail.com Celular: 8869-4358 / Skype: nilson.sotero

O professor pegou ar!


Ivaldo Gomes, um professor de bom humor

Ismar Capistrano é um professor da Bahia. Ele ficou arretado quando acessou a Toca do Leão pensando que ia ver matéria sobre uma candidata a Presidente. Sentiu-se enganado e tascou: “Parabéns ao blog que induz os leitores ao erro! Espero que nossas rádios comunitárias não usem de tal artifício que ganha audiência, mas engana o receptor, como bem fazia o inescrupuloso João Kleber na Rede Tv!”.

O professor que caiu na “pegadinha” do Leão vai me desculpar, mas trata-se de uma brincadeira sem nenhuma maldade. Isso sempre esteve no imaginário coletivo da nossa cultura nordestina. Somos um povo alegre. É ridículo quem demonstra pretensão intelectual e fica fazendo biquinho diante da jocosidade de um simples blog da internet.

Dizem que o diabo não tem senso de humor. Não sei se o tinhoso é chegado a uma gozação, ou se é mal humorado, mas é fundamental que o cara não leve muito a sério a vida, que ele não sai vivo dela mesmo! Bom humor tem muito a ver com visão de mundo.Se você está bem consigo e com o mundo, estará sempre de alto astral. Feito meu compadre Ivaldo Gomes, outro que respondeu à provocação mas de uma forma arejada e alegre. Ivaldo eu conheço, é um sujeito sempre positivo, apesar da língua de aço quando se trata de meter a lenha em quem pisa nos calos de sua cidadania.

Até Dilma acessa a Toca do Leão


A administradora parnaibana e professora da Universidade Federal do Piauí – UFPI, Maria Dilma Ponte de Brito, integrante da Academia Parnaibana de Letras – APAL, do Instituto Histórico Geográfico e Genealógico de Parnaíba e da Academia Parnaibana de Letras

Mas não é a que vocês pensaram, e sim Maria Dilma Pontes de Brito, de Parnaíba, Estado do Piauí. Ela é Mestra em educação, professora universitária, faz parte da Academia Parnaibana de Letras e da Academia de Ciências do Piauí, do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Parnaíba e tem três livros publicados. Com uma leitora qualificada assim, este espaço de bate-papo virtual sente-se plenamente realizado no seu objetivo principal de atrair e estimular o interesse de pessoas desse nível para meu universo telúrico, a pequenina Itabaiana da Parahyba do Norte.

É por isso que a comadre Carmem Zastrow, da cidadezinha de Pomerode, Santa Catarina, manda dizer que tem lido meu blog e já conhece melhor Itabaiana e seus habitantes, principalmente os mais antigos, do que sua própria cidade. Pomerode foi colonizada pelos alemães e fica localizada entre entre Blumenau e Joinville.

O Aristeu Fatal, esse também já virou leitor assíduo da Toca do Leão, atraindo outros leitores, como é o caso do português Joe Paz, que me diz: “Rapaz, o Aristeu me indicou outro dia o teu blog, aquele velho é foda! Aí eu vim te ler, gostei. Poesia de bordel eu nunca tinha lido, mas acho que sem saber do nome já andei escrevendo alguma coisa. Minha "literatura" é um pouco de bordel também, pois esta vida é uma zona, mas danada de boa. Abraços, Joe Paz”.


Abraço aos mineiros que interagem neste blog. Luna de Primo é de Uberlândia, Minas Gerais. Geraldo Couto é de Contagem, tem 60 anos, é músico tecladista e escreveu o livro “Penumbra”. Sobre o post “Minha vida é um trem desgovernado” ele afirmou: “ Vai muito além de uma crônica. Desperta-nos a sensibilidade poética. Parabéns!”

Quem quiser adquirir a obra do Couto escreve para gcoutof@hotmail.com

Dedete é mineira de Tombos e também achou “excelente” essa crônica sobre o poeta Manoel Xudu.

Maria Luzia Martins escreve do Rio de Janeiro. Ela é professora de Matemática e escritora. Diz que se emocionou ao ler o texto sobre rock, mas faz uma ressalva: não aceita que Paulo Coelho seja “subproduto de Raul Seixas”. “O bom mesmo era dançar o rock de boite, cuba-libre, alegria de dançar todo fim de semana curtindo a juventude. Viva Raul Seixas e Elvis Presley!”

De São Caetano do Sul escreve HICS que tem 62 anos, veio de Paulista, Pernambuco, e vive em São Paulo há 59 anos. Tem duas filhas, uma jornalista e outra médica. Ele diz: “Grande Fábio Mozart! 'Ousei' adentrar seu blog e, logo de cara, me deparei com este interessante texto sobre plágio. Parabéns pela abordagem pertinente. Abraços conterrâneos e tudo de bom”.

Outra leitora conterrânea é Ysolda Cabral, do Recife, a quem agradeço pela honra de ler o blog Toca do Leão, igualmente a TM Alvarez, de Pelotas, Rio Grande do Sul e aos demais leitores que acessam diariamente este espaço. São mais de mil acessos por mês, que já renderam muitas alegrias e dois processos judiciais por “calúnia e difamação”.

Meu estimado compadre Aristeu Fatal ficou preocupado com as observações que fez sobre meu grupo de teatro: “Fábio, sinceramente, depois que comentei, fiquei preocupado que você pudesse interpretar a brincadeira como se eu estivesse desfazendo do GETI. Ainda bem que não aconteceu. Ótimo! Sou brincalhão, mesmo. Tenho inveja desse seu grupo. Conte mais histórias deles”. Aristeu aproveita para bajular: “Obrigado por você ter me dado a honra de figurar como título de seu texto. O que escrevi a seu respeito não foi favor algum. Foi, sim, um reconhecimento ao seu enorme talento, seu modo de escrever, bem a meu gosto. Se bem que, por outras crônicas, que já li, vejo que estou muito longe de chegar aos pés do amigo. É só ler o seu curriculum vitae. Obrigado outra vez, e sucesso”.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Meu livro tá vendendo mais do que Paulo Coelho


Em Mari, Assis Firmino já reservou cinco exemplares do “Biu Pacatuba – um herói do nosso tempo”. Neta do Sindicato pediu outro tanto. Ercílio Delgado quer dois, um para ler e outro para mandar a um amigo no Rio de Janeiro. A Prefeitura ficou com 150 exemplares e prometeu o coquetel do lançamento.

Olhe, é tanta gente correndo atrás desse livro que ele já se tornou um best-seller, embora com uma mais que modesta edição de 500 exemplares. É que eu falo de mais de 200 criaturas viventes da cidade de Mari nesse livrinho.

Não sendo um livro de autoajuda, será de solidariedade. Pois pretendo mandar para as vítimas das enchentes do meu Pernambuco boa parte da grana das vendas. O que sobrar tomo de cana com Caveirinha, Mané do Bar, Zezim Kalai, Heleno Boca de Rosa e Beba do Violão, com tira-gosto de traíra em Nelson do Bar.

Custa só 12 reais e você leva dois livros em um: a história de Biu Pacatuba e a de Mari, tudo em versos de cordel. Depois tem umas crônicas onde traço o perfil de uns cabras bons da terra do locutor Marcelo José.

Na ilustração deste post, uma foto histórica: passeata de camponeses em Sapé nos idos de 60. Na frente, Biu Pacatuba, João Pedro Teixeira e Ivan Figueiredo, o trio de proa das Ligas Camponesas na Paraíba. Essa é uma das raras imagens de João Pedro vivo.

E quem quiser comprar o livro “Biu Pacatuba - um herói do nosso tempo” pela internet, entra no site do O Sebo Cultural: www.osebocultural.com.br

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Música de Fábio Mozart classificada para a Mostra Sesc


Foram divulgadas hoje (14 de julho) as 18 canções selecionadas para a Mostra Sesc de Música Paraibana, que acontece entre 21 e 23 de julho, entre elas a composição “Canção do Desterro”, de Fábio Mozart, coordenador do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar. A música será defendida pelo cantor Nino, da banda Puro Charme, no dia 23 de julho.

A Mostra Sesc de Música é um novo espaço que objetiva incentivar a composição e produção musical, promover o intercâmbio cultural, intensificar o movimento musical no estado da Paraíba e descobrir e valorizar novos talentos. Além disso, o evento se propõe a difundir a música como um dos meios de expressão cultural, sendo um novo espaço pra divulgação dos trabalhos musicais do Estado.

Além das apresentações, a mostra conta com Série Depoimentos, oficinas, exposições, exibição de filmes e apresentações artísticas, e acontece nos três dias, na área de lazer do Sesc Centro em João Pessoa.

Poesia de bordel


A poesia de cordel em sua versão mais fescenina, apelidada de “poesia de bordel”, já deu mote para muito poeta bom nas quebradas do Nordeste. O renomado poeta paraibano Bráulio Tavares lembra o episódio de uma puta cega na cidade de Cabaceiras, que além de tudo era masoquista. Os camaradas comiam a cega, batiam na pobrezinha e ainda roubavam seu dinheiro.

Passando por Cabaceiras em 1932, o poeta potiguar Moysés Sesyom foi cantar no cabaré, onde lhe deram o mote:

PUDE ILUDIR UMA CEGA:
DEI-LHE UMA FODA NO CU

Saindo de uma bodega
De meio lastro queimado,
Com muito jeito e agrado,
Pude iludir uma cega.
Rolando na beldroega,
Fazendo vez de muçu,
Pra furnicar me pus nu.
Faz tempo, mas me recordo:
Virei a cega de bordo,
Dei-lhe uma foda no cu!

Inveteradamente irreverente, o poeta Zé Limeira cantou assim em um pé-de-parede numa noite de cana e poesia maluca no Cariri:

Um chocalho sem badalo
A ninguém dá provimento
E quem nasceu pra jumento
Nunca chega a ser cavalo.
Panela não tem gargalo,
Latrina tem merda dentro,
Beldroega não é coentro
Catarro é bem de raiz,
Só deu o rabo quem quiz
Reza o velho testamento.

O véio Tomé de Souza,
Conforme contei um dia,
Era bom com a freguesia
Fazendo cousa com cousa
Mas enrabou sua esposa
No dia do casamento,
Fez pior do que jumento,
Com pobre padre Nobréga,
No Cais rebentou-lhe as prega,
Reza o velho testamento.

Agamenon Magalhães
Por achar o mundo estreito
Cantou com um dó de peito
Duas de suas irmães.
Comeu três quilos de pães
Com merda de gato dentro,
Soltou um triste lamento
Vomitanto inté as tripa,
Dom Pêdro passou-lhe a ripa,
Reza o velho testamento.

Expressões licenciosas, eróticas, obscenas e escatológicas é o que não faltam numa boa cantoria de pé-de-parede. Depois de tomar umas três lapadas de Pitu, o cantador se dana a divertir a platéia com todo tipo de safadeza. Mas no fundo é tudo cantiga de amor, é tudo lirismo, que o amor tem muitos aspectos, espirituais ou carnais. O apelo da carne, que a carne é fraca, inspira poemas eróticos, libertinos e obscenos.

Na realidade, o que eu acho imoral é, por exemplo, essa manchete do Estadão: “Dez mulheres são assassinadas por dia no Brasil”.

Manoel Monteiro, de Campina Grande, é um dos maiores poetas cordelistas do Nordeste. Escreveu um folheto sobre uma rapariga chamada “Maria Garrafada”, que era a “mestra” dos meninos no seu tempo. Na minha Itabaiana conheci também uma puta chamada “Maria da Garrafa” que, igual à sua colega de ofício, trabalhava com a clientela dos primeiros passos na difícil arte de copular. Para “Maria Garrafada” Monteiro dedicou este verso:

MARIA PUTA, MARIA SANTA
… A maquilagem manchada
Pela lágrima que rola,
O sem futuro estiola
O sangue das suas veias,
Afoga as mágoas alheias,
As suas, ninguém consola.
Por isso mesmo há quem diga
O que tem um certo nexo
Ser o comércio do sexo
A profissão mais antiga
Sendo assim, ser rapariga
É profissão pioneira;
Defendendo uma rameira
Jesus disse resoluto:
- Quem não gostar do “produto”
Atire a pedra primeira.

“Estes versos do meu folheto fala das “mercantilistas do amor” com ternura e admiração. Quando precisar de solidariedade humana, bata na porta de uma rapariga e a terá. Os que sofrem são solidários com a dor do próximo”, diz Manoel. “Senti-me saldando um débito de gratidão com as prostitutas do mundo escrevendo sobre Maria Garrafada”, acrescentou.

Acusação de plágio termina em cacete no lombo


Zé Ramalho no tempo em que batia em crítico como se bate em mala velha pra largar o pó

Ainda sobre plágio, meu compadre Roberto Palhano manda artigo do Tião Lucena, que comemora dois milhões de acessos ao seu blog, figurando entre os cem sites mais visitados do mundo. Eis o que escreveu Tião sobre uma denúncia de plágio na Paraíba:

“Uma agressão marcou a imprensa nos idos de 80. Ano da fama de Zé Ramalho, saído daqui como bom cantor de conjunto, virado celebridade e mito no sul do país, cantando músicas doidas como aquela que falava de múmias e sarcófagos egipcios.

Celebrizado no país, Zé voltou à terra natal para um show. Grande show, casa cheia, falatório na imprensa, cidade agitada com a chegada do agora mito. Carlos Aranha, crítico de música, escrevia coluna em A União. Saudando o amigo que chegava, Aranha insinuou que “Admirável Gado Novo”, sucesso de Zé, era de outra autoria, Zé teria se apoderado indevidamente da música e a colocara como sua, ignorando o verdadeiro autor.

Zé Ramalho leu a coluna de Aranha, ficou calado, fez o show, dia seguinte saiu do hotel no onibus que o levaria com a comitiva ao Aeroporto, antes disso deu uma passadinha pela redação de A União que funcionava perto do Bompreço da Castro Pinto, parou, desceu, bateu palmas em frente a redação, chamou por Aranha, lá veio Aranha faceiro e sorridente, quando chegou perto Zé deu-lhe um tapa olho que levou Aranha à grama. E não deu mais porque Ferretão, funcionário das oficinas de dois metros e alguns centímetros, viu o acontecido, correu de lá e desafiou o ídolo: “Venha bater num homem!” Zé sentiu que iria enfrentar um cabra acostumado a botar peixeira em bucho de desafeto. Preferiu recuar, debrear e ir embora. Entrou no onibus e se foi para o Castro Pinto, deixando para trás um Aranha inchado, choroso e doído.

Não preciso dizer que a imprensa protestou, fez artigos candentes, chamou Zé Ramalho de um tudo, mas depois silenciou ao notar que o próprio Aranha perdoava o agressar e voltava às boas com ele.”

Parabéns ao Tião. Vou plagiar seu estilo, pra ver se arrumo ao menos um décimo dos seus leitores.

Dia da liberdade de pensamento


Hoje é dia da liberdade de pensamento. O pensar é livre, o falar é liberdade meia boca. Penso, logo mudo de ideia. É de um blog antifilosófico.

Tou lendo “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, do português José Saramago. É um escritor genial. Seu pensamento foi tolhido pela Igreja Católica e pela sociedade conservadora. Neste dia da Liberdade de Pensamento, leia Saramago. A obra do cara é marcada pela liberdade de pensamento.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Dia Mundial do Rock


Hoje é o Dia Mundial do Rock. Para os aficcionados, lembrar que foi no Live Aid - festival pelo fim da fome na Etiópia - que o dia 13 de julho ficou conhecido como o dia mundial do rock.

O Live Aid foi um festival que aconteceu simultaneamente na Filadélfia (EUA) e em Londres (Inglaterra) e trouxe nomes como Black Sabbath (com Ozzy), Status Quo, INXS, Loudness, Mick Jagger, David Bowie, Dire Straits, Queen, Judas Priest, Bob Dylan, Duran Duran, Santana, The Who e Phil Collins entre muitos outros. Aliás, Phil Collins abriu o show nos EUA e na sequência, voou para Londres para fechar o festival.

Outros festivais com essa mesma consciência social ocorreram na década de 80 como o U.S.A. For Africa, Live Aid, Farm Aid, Hear 'n' Aid, Artists Against Apartheid e o Amnesty International, reunindo sempre grandes nomes do mundo pop e rock. O Live Aid foi o mais famoso. Arrecadou mais de 60 milhões de dólares que foram doados em prol dos famintos na África.

Todo homem libertário foi roqueiro na juventude. Depois, entra para a tribo dos “já foi”. Quando eu ia em direção da liberdade total para seus semelhantes que pregava meu ídolo Raul Seixas, ele voltava de suas viagens pelo mundo do álcool e das drogas para a solidão dos inconformados com o cotidiano aviltante, opressivo, escravizante, que esmaga sua mente criativa e não lhe dá quaisquer perspectivas. Sua sociedade alternativa foi minha cartilha. Raul foi o cara que fundou o rock autêntico no Brasil. Seu subproduto foi Paulo Coelho.

Viva Raulzito! Viva o rock!

Augusto dos Anjos plagiador?


O poeta Antonio Costta envia esses dois sonetos e pergunta: “você acha que há semelhança entre essas duas obras?” A ideia central, a ingratidão, vem vestida com as mesmas tintas, a mesmíssima imagem da cusparada do favorecido na mão do beneficiador. Augusto foi mais radical na representação da vileza: fala em escarro em vez da secreção salivar do Imperador.

Sobre apropriação de obra intelectual, a escritora alemã Helene Hegemann teve livro acusado de plágio por uma blogueira chamada Airen, reconhecendo em “Axolotl roadkill”, livro da alemã, passagens inteiras publicadas anteriormente em seu site. Mesmo assim, continuou no topo da lista dos mais vendidos em seu país – e ainda se classificou como um dos finalistas da Feira do Livro de Leipzig. A organização do evento justificou a escolha, dizendo que o plágio era legítimo e que fazia “parte do conceito do livro”. Já Helene defendeu-se afirmando que sua narrativa encaixa-se dentro da proposta contemporânea da remixagem e da reapropriação. E disparou: “Não existe originalidade, apenas autenticidade”.

Pois, o poeta Augusto pode não ser original, mas tem autenticidade e genialidade apesar disso. Ao reescrever o tema, Augusto dos Anjos deixa claro que leu bem o original e concebeu sua versão de forma inusitada e singular, apropriando-se consciente ou inconscientemente da ideia.

INGRATOS

Não maldigo o rigor da iníqua sorte,
Por mais atroz que fosse e sem piedade,
Arrancando-me o trono e a majestade,
Quando a dous passos só estou da morte.

Do jogo das paixões minha alma forte
Conhece bem a estulta variedade,
Que hoje nos dá contínua f'licidade
E amanhã nem — um bem que nos conforte.

Mas a dor que excrucia e que maltrata,
A dor cruel que o ânimo deplora,
Que fere o coração e pronto mata,

É ver na mão cuspir a extrema hora
A mesma boca aduladora e ingrata,
Que tantos beijos nela pôs — outrora.

Autor: Dom Pedro II

VERSOS ÍNTIMOS

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Sómente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Autor: Augusto dos Anjos

Conhecido poeta plagiador imediatamente escreveu o soneto abaixo:

SONETO EM CONSTRUÇÃO (1)

Começo a exercitar esse meu estro
E vejo que ele é pobre. Descontente,
Vou ler o sonetista competente
Para tirar lições desse maestro.

Andei lendo Bilac, vate destro,
Camões, Augusto e outra fina gente,
Florbela Espanca, um nome diferente
Na lista de estrelas que sequestro

Para moldar um soneto decente,
Mesmo que com alma de usurpador,
Esperando que seja complacente

Esse meu inopinado e bom leitor.
Talvez, quem sabe, temos confluente
A mesma agregação de ordem e de valor.

Fábio Mozart

Meu confrade Antonio Costta, poeta do Pilar, num instante engatou outro soneto:

Soneto para Fábio Mozart

Não vejo em teu estro um plagiador,
Mas autêntica obra literária;
Embora se pareça voluntária
No contexto do gênio criador!

Imitar o talento do escritor
Consagrado nas letras mundiais,
Só demonstra que somos naturais,
Que da glória - buscamos seu fulgor!

Bem sabeis que não sou poeta bom,
Que, às vezes, eu imito a Drummond,
A Vinícius, a "Pessoa" e Bandeira...

Pra dizer tudo aquilo que eu diria
Num só verso de escassa poesia,
Que eu mesmo julgaria uma besteira!

(ANTONIO COSTTA)