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terça-feira, 22 de junho de 2010

De olho na jabulância


A jabulani rola no jaburu da roleta africana, enquanto eu percorro sebos para encontrar livros de José Saramago. Já estou passando a vista no “Todos os nomes”, que fala das agruras de um senhor às voltas com a burocracia surrealista do registro civil.

Quando Michael Jackson morreu, não tive ânimo para ouvir suas jabulâncias (música pop acompanhada de rebolados extravagantes), mas o finamento de José Saramago despertou o desejo de conhecer a obra do único autor em língua portuguesa a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. Grande ledor do comunista português, meu compadre Gilberto Bastos vai emprestar alguns livros, menos ”A história do cerco de Lisboa”, considerada a obra prima do ficcionista lusitano, que por capricho ele não tem na sua estante. Aceito de presente ou por empréstimo.

Mas a jabulância continua. É uma situação jabulante no reino da Jabuleia. É uma palavra que já faz parte da pansofia, outro termo que só vive no dicionário mas hoje resolvo liberta-lo, por falta do que dizer e para não ser acusado de plágio.

Primo da jabulância, o jabaculê me irrita os ouvidos ao som de Rebolation do Parangolé, enquanto esforço-me para entender o que fez o Dunga para irritar tanto a Globo, parceira preferencial da CBF. Dunga, Zangado e outros anãos tomaram todo tempo da imprensa que até esqueceu de malhar a Dilma e botar flores na careca do Serra. Na Paraíba do Norte, Maranhão pensa em bolar uma campanha publicitária ligando seu venerável e operoso nome às glórias da canarinha no reino da jabulância. Sabe-se que ele não dá bola pra o PT do padre mas rola macio para os pés do PT soarista/adesista, enquanto faz gol de mão na área de Ricardinho, o craque sem torcida nem meio de campo que preste.

José Saramago livrou-se das fraldas geriátricas para entrar definitivamente na lista dos meus autores preferidos. Vou ver ainda esta semana o filme do Fernando Meireles, sobre a cegueira. Depois de assistir o filme baseado em seu livro, Saramago chorou. É um autor universal. Com seu português de Portugal, consegue ser apreendido intelectualmente na sua terra, no Brasil, na Rússia ou na China.

Enquanto isso, 80% da humanidade de olho na jabulância e assoprando a vuvuzela, também conhecida como corneta de otário. Em tempo: jabulani é o nome da bola da Copa do Mundo. No idioma zulu, significa “celebrar”. Kaká morre de amores por ela e pelos milhões da Adidas, enquanto Luiz Fabiano diz que seu relacionamento com a dita cuja é de um namorado de patricinha: só na porrada pra deixar de ser burra. Com os pés e mãos, inclusive.

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