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sábado, 10 de abril de 2010

A flor de zíaco


Essa flor todo mundo quer cheirar. Quem conhece é o compadre Maciel Caju, o “desanimado”. Ele não anda feliz e satisfeito com a vida desde que travou em plena primavera, quando a libido de todo mundo medra sem breque. Ele diz que é psicológico. Receitaram para o poeta a “flor de zíaco”, vendida nas mais acreditadas bodegas do pedaço. Meu compadre jura por “São Murchinho” que a comadre com quem tentava coabitar era coabitável, esteticamente aprazível, sem odor nauseante. O problema foi no motor de arranque.

De minha parte, assumo minha entrada triunfal na andropausa, quando a atividade genital do homem diminui na mesma proporção de sua renda de aposentado. A “flor de zíaco” será minha salvação. Ou não, que não há mal nem ereção que dure para sempre. É preciso ser macho pra admitir isso, mas a partir de agora meu medo é dar o apagão na hora de escrever. Sabe aquele branco geral, quando o desempenho da gente simplesmente cai a zero, e você fica sem ter o que dizer, com cara de brochado?

Tem dias que não se consegue escrever nada. Daí caio na idiotice de falar da vida íntima dos outros e da minha própria contextualidade sexual, o que pode acarretar processo na Justiça e bronca com a dona de minhas algemas. É a tragédia de todo idiota que toma para si a missão de escrever todos os dias.

Mas do que quero falar mesmo é da “flor de zíaco”. Antes de rir da forma com que foi escrita a “frase”, o distinto leitor deveria ler alguma coisa de um cara por nome Marcos Bagno, que está revendo velhos conceitos do português formal. Autor do livro “Preconceito linguístico”, Bagno diz que o que vale é a língua que o povo fala e não a dos manuais e dicionários. ‘É preciso acabar com a cultura do erro”, afirma o mestre renovador. Para ele, a linguagem da internet, por exemplo, usada nos bate-papos, tem como alvo um relacionamento e como toda forma de linguagem, busca interação. É língua viva. Não tem nada errado, nem mesmo a “flor de zíaco”.

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