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quarta-feira, 31 de março de 2010

Vladimir Carvalho e a memória cultural


Aos setenta e cinco anos de idade, o cineasta itabaianense Vladimir Carvalho doou todo seu acervo cultural, inclusive a casa onde vive em Brasília. Nessa casa, Vladimir como que construiu um roteiro cinematográfico. Na sua morada, o documentarista montou um pequeno museu do cinema brasileiro e entregou tudo à Universidade de Brasília. O criador do “País de São Saruê” juntou mais de 3 mil livros, seus 21 filmes, todas as fotografias e os equipamentos, dando de mão beijada à cidade onde vive, tudo pela preservação da memória brasiliense.

Do acervo de Vladimir também constam cartazes, câmeras raras, fitas de vídeo, revistas, negativos, cartas e imagens de mestres como Mário Peixoto, Glauber Rocha e Rogério Sganzerla. Em 1954, ainda garoto, ele comprou o “Dicionário ACB Cinematográfico”. Foi um dos seus primeiros livros. Está lá na sua biblioteca que agora é da comunidade brasiliense.

Em Itabaiana, Paraíba, sua terra natal, o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar vai inaugurar o Cineclube Vladimir Carvalho em 23 de maio, com a presença do próprio. Na cidade paraibana de Cajazeiras existe, há 34 anos, um Cineclube Vladimir Carvalho, criado pelo ator Ubiratan de Assis, que foi colega do meu irmão Sosthenes Costa. Cineclubes são opções de cinema para quem gosta de filmes com conteúdo mais profundo e questionador. Com moderno equipamento digital, teremos condições de mostrar boa parte da produção audiovisual da Paraíba e do Brasil, como contribuição para a cultura de Itabaiana, destinado principalmente aos estudantes.

Coincidentemente, hoje é 31 de março, aniversário de 46 anos do golpe militar que proibiu o filme “País de São Saruê” por mais de 20 anos. A obra é um documentário sobre a vida de lavradores, garimpeiros e outros moradores do nordeste brasileiro, filmado em preto-e-branco e realizado no fim da década de 1960.

Não vou falar de outros acervos para não sofrer censura, que ainda existe apesar do fim da ditadura.

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