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sábado, 12 de setembro de 2009
Mestre Zé Duda do Zumbi
Coco de roda em Itabaiana, 1938. (Foto: Luiz Saia)
Quem me dá notícias desse poeta popular é o itabaianense Geraldo Xavier de Oliveira, atualmente radicado em Feira de Santana, Bahia. Pois diz que Mestre Zé Duda do Zumbi guardava na alma as coisas sublimes do universo e cantava essas coisas com a simplicidade do sabiá. Foi um gênio da poesia popular, infelizmente esquecido.
Mestre Zé Duda do Zumbi nasceu no povoado de Salgado de São Félix, em 1866, e faleceu em 1931, no bairro do Zumbi, em Recife. Naquela remota época, Salgado pertencia ao município de Itabaiana/PB.
Dizem que era um homem simples, como simples foi também o poeta Patativa do Assaré, o próprio Zé da Luz e tantos outros cuja grandeza nem sempre é reconhecida pela cultura oficial. O grande pensador católico Tristão de Ataíde expressa o entendimento de Jesus Cristo para conceituar esses poetas do povo: “Graças a Ti dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e doutores e as revelastes aos pequeninos”. (Mateus, 11, 12 e Lucas, 10, 21).
O que nos resta é guardar o nome do nosso poeta no panteão dos artistas imortais da terra de Sivuca. Nada de sua produção ficou registrado, pelo que sei. No entanto, se um homem analfabeto e pobre nasceu no século 19 e morreu no começo do século 20, cujo nome ainda hoje é citado em monografias acadêmicas, é porque o valor de sua arte ultrapassou as fronteiras do tempo, assumindo uma dimensão de lenda.
O nome dele é José Galdino da Silva Duda, que passa a fazer parte do rol dos artistas populares imortais de nossa terra. No dizer de Geraldo Xavier, “Itabaiana sempre foi um pólo aglutinador da cultura regional. Suas escolas, de tradição quase secular, têm servido à comunidade, educando diversas gerações de jovens, inclusive de cidades próximas como Pilar, Caldas Brandão, Ingá, Umbuzeiro, Natuba, São José dos Ramos, Juripiranga, Salgado de São Félix e Mogeiro, estes dois últimos, antigos distritos do município.” Além da escola tradicional, a feira de Itabaiana era a universidade do povo, onde os artistas se exibiam e despertavam as vocações de outros. O mestre Sivuca soube que nasceu para a música quando ouviu um rabequeiro cego na feira de Itabaiana. Zé da Luz provavelmente se encantou com um vendedor de folhetos de cordel cantando seu produto no meio da feira para os matutos extasiados.
Aliás, a feira de Itabaiana é o tema principal da monografia de Geraldo Xavier. “A feira de Itabaiana e o cordel”, título do trabalho, teve orientação do professor Humberto José Fonseca, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, para a graduação em História. Ele ressalta a importância da feira para a divulgação da literatura de cordel, citando a tipografia “A Folha”, sob a responsabilidade do gráfico Nabor Nunes, onde eram confeccionados os folhetos. O chefe de oficina era Djalma Pereira de Aguiar, tio do autor. Meu pai Arnaud Costa também trabalhou nesta tipografia na mesma época. Geraldo cita ainda duas outras tipografias existentes em Itabaiana, “uma próxima da Rua do Rio, e outra destinada exclusivamente à produção de folhetos, que era de propriedade do cordelista Caetano Cosme da Silva, situada no alto da Rua Treze de Maio, a popular Rua do Carretel.”
www.fabiomozart.blogspot.com
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