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sexta-feira, 21 de agosto de 2009
O JURUNA QUE DEU CERTO
Na década de oitenta, fez sucesso na mídia um índio semi-aculturado que atendia pelo nome de Juruna. Elegeu-se deputado federal, sendo o primeiro índio a exercer esse cargo no Brasil. Ele era cacique da tribo dos xavantes e ficou conhecido pela maneira como se relacionava com os brancos, sempre com um gravador em punho. “Não acredito nos brancos, eles mentem, por isso gravo tudo que me dizem”, afirmava o índio deputado.
Por essa época, na cidade de Mari, surgiu uma liderança política que veio da zona rural, agricultor semi-analfabeto, com traços de índio, com a naturalidade e espontaneidade das pessoas simples. Elegeu-se vereador e logo recebeu o apelido de Juruna. Era Antonio Gomes, entrando no jogo político com a idéia de ajudar seus companheiros agricultores de Taumatá e sítios vizinhos, os sofridos produtores rurais de Mari. Ele queria perfurar poços artesianos, procurar assistência técnica e recursos para o plantio, além de melhorar as estradas vicinais das fazendas e sítios da região. Sabia que na política era onde as coisas se decidiam, onde prevalecia a prática da barganha: quem tem mais votos tem mais espaços nas esferas do poder. Como vereador de oposição, pouco fez pelos agricultores, além de repercutir na Câmara Municipal com sua voz rouca e rascante, as denúncias de descaso da Prefeitura com o setor agrícola do Município.
Eleito um prefeito do seu grupo político, Antonio Gomes foi convidado para a Secretaria de Agricultura. Foi aí onde o homem mostrou sua capacidade e ganhou visibilidade para voos mais altos na política. Digamos que tomou gosto definitivamente pelo poder. Antonio cuidou da agricultura familiar, da questão ambiental e assistência técnica para os produtores rurais. Como líder rural, voltou-se para a organização das associações de produtores, possibilitando maior espaço para a comercialização da produção e valorização do agricultor, trabalhando fortemente na efetivação de ações técnicas e políticas através dos projetos de sua Secretaria.
A história de vida de Antonio Gomes mostra um homem determinado. Trabalhador como poucos, conseguiu amealhar bens consideráveis, produzindo e comercializando mandioca. “Tenho orgulho da minha origem, da minha história”, costuma dizer, satisfeito por ver que sua Taumatá avançou, está melhor do que no tempo de sua infância, e isso se deve muito a ele. E sua Mari também vem avançando, pois o Juruna vereador evoluiu para o político conciliador e esperto, que conseguiu enfim realizar o sonho, que era governar sua terra natal. Com pouco mais de quatro meses de gestão, o novo prefeito vem materializando essa relação de amor que tem com sua Mari, trabalhando duro para superar os imensos obstáculos em uma prefeitura pobre de um município pequeno.
O serviço público é um bom espaço para exercermos a essência do serviço de forma eficiente, de colocarmos em prática o que é o servir, principalmente no município, o lugar em que a gente mora e onde muitas vezes a pessoa a quem atendemos é alguém que conhecemos, alguém da nossa família. Mas também é uma vitrine às vezes cruel. Na impossibilidade de atender a todos, logo vêm as críticas, o mais das vezes injustas.
Entretanto, o sucesso de Antonio Gomes na política não ocorreu por acaso. Ele é persistente e gosta de enfrentar desafios. Na administração, não importa se a pessoa envolvida é a que limpa o chão ou o prefeito. O fato é que as coisas só vão funcionar bem se a gente se impuser desafios. Transformar o problema em desafio. Fazer algo notável uma única vez é fácil. Difícil é fazer isso de forma permanente. E para fazer isso é preciso ter motivação, uma coisa que Antonio Gomes tem de sobra, porque ele ama sua terra e seu povo.
Resta saber se, no final, o sonho de Antonio Gomes de governar sua terra não vai virar pesadelo
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