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quarta-feira, 28 de junho de 2023

terça-feira, 13 de junho de 2023

Risos falsos da alegria dos velhos palhaços

 


Mais falso do que o riso do velho Mozart, só a gargalhada enganosa do antigo ator cômico Bento Júnior

O velho folheteiro Fábio Mozart

 



O velho folheteiro Fábio Mozart lançando seu folheto “Jesus Cristo foi cordelista, diz o Novo Testamento”, na velha Rádio Tabajara da Paraíba AM. Foto do velho fotógrafo Marcos Veloso com sua velha Rolleiflex. (10/06/2023)

Íntegra do folheto: https://www.recantodasletras.com.br/cordel/7794617



Carta de um leitor sincero

 


“Já li poesia mais ruim do que a sua. Você não é dos piores. Não brigue, entretanto, pela suprema honra de ser citado por gente do quilate de Hildeberto Barbosa Filho ou João Batista B. de Brito. Não vai rolar. Seus guias espirituais já o devem ter orientado que você não pode esperar muita coisa da vida. Pelo menos no campo minado das letras dissimuladas. Sim, porque poesia é isso. Como toda literatura, não passa de leituras farsantes, suposto insight acima da média, fingimentos de pessoinhas fantasiosas deslumbradas reivindicando todos os papéis da peça. Você, caro amigo, seria o ponto, aquela figura que, no teatro antigo, ficava escondido num buraco, lembrando as falas dos atores.

Acho importante também evitar que as pessoas o chamem de poeta. Por duas razões: primeiro que poeta só pode vestir a camisa de poeta se tiver livro reconhecido e apadrinhado por críticos do naipe de Aderaldo Luciano ou Kuby Pinheiro. Segundamente, e não menos importante, o poeta tem que ter aceitação popular. Não do tipo cair de joelhos, gritar, ranger os dentes, rasgar as roupas e arrancar os cabelos. Ou ser apreciado e declamado por todo alcoolista boêmio intelectual que se preze e se sustente em pé, ou sentado na cadeira do botequim, altas horas das noites desregradas e farristas. Isso fica para Ronaldo Cunha Lima e Augusto dos Anjos. Eu próprio já comecei uma carreira de pseudo poeta, mas consegui ser salvo a tempo. Enfim, se você não se enquadra nesse padrão, furte-se à vergonha suprema de dar um livro seu como presente de amigo secreto e saber do desgosto da pessoa que o recebeu. Conheço indivíduo que até chorou de raiva porque deu um lindo bracelete de ouro e recebeu livro de poesia enjoativa. E considere a pecha de poeta como um defeito intelectual seu, deformidade estimulante de chacota da plebe rude, incapaz de reconhecer sua genialidade. Quem me chamar de poeta eu devolvo sorrateiramente, alcunhando o ofendedor de “patriota”.

Quando sentir pulsar sua veia poética, aconselho honestamente consultar um angiologista, açougueiro especialista em vasos sanguíneos. Ele certamente recomendará repouso absoluto e nada de ler Políbio Alves, Lúcio Lins, Bráulio Tavares, Lau Siqueira ou Paulo Sérgio Vieira. Esses elementos podem transfundir aspiração de praticar os saques linguísticos que os citados batutas cometem em seus livros. Para a nova geração, traduzo “batuta”, uma palavra fora de moda: pessoa que é considerada “pelé” naquilo que faz.  A propósito, “pelé” já sendo de uso corrente, passou a ser verbete de dicionário. Pessoa fora do comum, que não se iguala a ninguém. Eu, por exemplo, sou o “pelé” da bola fora. Conheço gente que é o “pelé” do pé quebrado, que não segue as regras da métrica por imperícia, incompetência, idiotice ou inexperiência.

Por fim e ao cabo, oriento-o a escoar seu fabrico de versos nas redes sociais. Tem muita gente nova de bobeira que pode gostar das suas palavras confusas. Finja que é jovem e vá abrindo brecha na defesa da galera antenada em linguagem de Instagran e Tik Tok. Poesia é um troço muito chegado a uma informalidade, fora das normas padrão da língua. Desse jeito, você se passa por poeta, arruma eventuais leitores e colabora com o respeito ao meio ambiente, evitando cortes de árvores. Para produzir cem folhas de papel é necessário amputar metade de uma árvore. Tenha dó dos eucaliptos e dos eventuais leitores. Não edite livros físicos.

Louve-se o fato de que você se conforma e assume o papelório de escritor malsucedido, haja vista o título da sua mais recente invenção literária: Meu livro é um fracasso de vendas. Mesmo com essa péssima credencial, ganhou o prêmio literário José Lins do Rego, da Fundação Espaço Cultural da Paraíba. Desde então vive a mandar seu livrinho pelos Correios, com o lembrete: ‘leia meu livro’. No que sempre respondem: ‘Vou tentar’. E nunca tentam”.

O que responder ao leitor exigente? Minha mãe disse que eu tenho muita capacidade de graça e humor, mas, opinião de mãe não vale. Ela é uma mulher de outras eras, um mundo sem inteligência artificial e comunicação implicante, instantânea, cada um dizendo: “este sou eu, preste atenção em mim, dê um like, por favor, siga-me!” Por mais próximos que estejam do contato eletrônico, mais desconfiança e distância. Enfim, esse é o papel que me deram na vida, desculpe. É preciso seguir o script.

 

segunda-feira, 12 de junho de 2023

domingo, 4 de junho de 2023

sábado, 3 de junho de 2023

QUEM LÊ MEU LIVRO

Vavá da Luz, além de ler “Meu livro é um fracasso de vendas”, ainda bota pra vender na sala literária das Itacoatiaras de Ingá. Meu livro de crônicas pode ser um fracasso de vendas, mas de leitor qualificado ta muito bem servido!




sexta-feira, 2 de junho de 2023