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sábado, 26 de fevereiro de 2022

PROJETO BIBLIOTECA VIVA EM SOLÂNEA

 


Livros de Tião Lucena em estante do projeto Biblioteca Viva em Solânea. Projeto da Sociedade Cultural Poeta Zé da Luz e Academia de Cordel do Vale do Paraíba. Ponto de troca permanente de livros. O ponto está localizado no Empório da Terra, rua Cândido de Souza, centro de Solânea.

 

Monobloco no carnaval sem foco

 


Você dorme pensando que a barata esgotou sua capacidade de criar, acorda e a barata se revela mais criativa. É um fenômeno da natureza. A barata descansando em sua toca, em plena folia de um carnaval que não existe mais, acabrunhando a já humilhada raça dos descarnavalizados, em modo off na pandemia sem alegria. O espírito do inseto passeia automaticamente de uma imagem para outra, em abstrações sistemáticas da consciência antiga e prenhe de saudades-roxas e cheirosas.

Passeios na bicicleta Monark do tio Djalma com chapeuzinho de palha e as frasezinhas pseudopicantes, óculos escuro artesanal, lança de material plástico e o jogo da memória rodando em torno dos “Toureiros”, “As piruas”, “As putas da Rua das Flores”. Outros blocos vão surgindo, sem risos, sem som, sem bebidas, cortejos fantasmas em preto e branco. Velhos carnavais vividos e não vividos. Carnavais sem camisinha. Carnavais sem paredões. Dia de sol, domingo de fantasia, segunda de glitter e abadá, terça de ninguém é de ninguém, quarta de “tô me guardando pra quando o carnaval chegar”. Celebrar essa humanidade sem rumo, pensando que vive em outro mundo. “Se o amor é fantasia, eu me encontro em pleno carnaval”, como sonhou Vinicius de Morais. “O Carnaval é uma festa de criança encenada por adultos”, garante o imaturo Pedro Pueril. “Carnaval pra quê, se eu passo o ano inteiro sambando na cara dos outros?”. E depois do carnaval? O chá de bebê. E depois? É emendar os fatos psicológicos carnavalescos, os afetivos, os representativos e os que escolhemos para puxar os vagões dessa composição alucinada carnaval a dentro das ruas mortas das quartas de cinza.

Prazeres inconsequentes, pileques homéricos, heroicos na resistência dos três dias de conflagração. Rolava até patente para os mais vigorosos e resolutos na arte de ingerir álcool. Cheguei à graduação de major. Desejos lancinantes, paqueras inconvincentes, excitações espantadiças. Alegrias mascaradas, dissimuladas, sub-reptícias. A camada do talco barato no suor do crânio, o cheirinho da loló recentemente inaugurado no éter etílico da quinta-essência dos principiantes da gandaia grotesca. O riso idiota aberto na rua, atrás dos caboclinhos. O gingado palerma, a dança bocó acompanhando o ritmo dos índios do mestre Mocó. O solfejo desarmonioso seguindo o cortejo das “Virgens Venéreas”. O primitivo instinto teatral seguindo os movimentos do mestre Josa e seus índios “Assombrados da floresta”. Maravilhamento diante do boi do mestre Especiá. Assustado, contemplando tanta audácia de meros “zé ninguém” transformados em condes, reis e rainhas, nobres do povaréu. “O malandro é o barão da ralé”, descobre Chico Buarque. O que resta de dignidade e brio do pobretão, desfilando solene e cheio de virtudes artísticas nas ruas do meu carnaval nostálgico. Os poetas da baderna, bêbados líricos da grande farra sazonal, o folião e sua fantasia no bloco de um homem só, insociável brincante se instituindo a si mesmo na sua expressão de arlequim engenhoso. Ecos de um carnaval distante da sociedade de consumo. Celebração pagã de antigos bárbaros comendo, bebendo e dançando tristemente em bailes de devaneios malcontentes. Desfile de blocos de uma só figura, os tais monoblocos.

Carnaval pandêmico. Desfiles cadavéricos, bailes macilentos, homens e mulheres mascarados antipáticos e enfermiços. Incivis e desabridos foliões sem máscara, lívidos de ignorância. Adereços desbotados lembrando a solução para o mal. Álcool em gel nas mãos do infiel. Desfile de massas humanas individualizadas, na solidão do carnaval dos estúpidos. Instintiva e intuitivamente, o bufão do carnaval quer ser cada vez mais uma barata galhofeira para fugir do chinelo baraticida. “Comamos e bebamos que amanhã morreremos”, assim escreveu o profeta em I Coríntios, 15:32. Ele, o iluminado bíblico, ainda garantiu que “os mortos não ressuscitam” e, portanto, aproveitem o carnaval enquanto a dona Onça Caetana não vem, disfarçada de febre, tosse, cansaço, perda de paladar e olhos vermelhos. Ela se aproveita da cobertura vacinal incompleta pra deitar e rolar no carnaval do flagelo pestilento. Nos carnavais primitivos, as bacantes evocavam o deus Dionísio (Baco para os Romanos), gritando festivamente: “Evoé, aí vem o carnaval!” Os que querem viver até a última gota azeda de vida, esses gritam no carnaval da pestilência: “Oh mané, tira o disfarce da cegueira e bota máscara!”

 

 

 

 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

DIÁRIO DO AMEBA

Relatório do Ameba direto da Rússia

Bolsonaro homenageia soldado comunista na Rússia, e seus adeptos no Brasil aplaudem porque os comunistas da Rússia são diferentes dos comunistas do PT. Os comunistas da Rússia não são lulistas, e os comunistas do Brasil só se ligam em sexo anal, por isso são chamados de CU...munistas. O fantasma do Olavo de Carvalho baixou na sessão da mesa branca caucasiana dos bolsonaristas e aprovou o ato de Bolsonaro de levar flores pra os comunistas da Rússia. A alma penada de Olavo de Caralho disse que os comunistas petistas do Brasil são portadores de doenças psiquiátricas crônicas e profundas, e por isso são proletários otários baitolas que vivem enchendo o saco do burguês. Ainda na Rússia, Bolsonaro evitou que Putin começasse a guerra na Ucrânia, porque ele ofereceu o Exército Brasileiro pra ajudar na guerra e Putin disse: meu colega Bolsonaro, que ideia maluca é essa! A única guerra que o Exército do seu país ganhou foi contra meninos descalços no Paraguai e contra estudantes armados de pistola de dois canos, na ditadura de vocês. Esses garotos foram seus inimigos, meninos com a ideia maluca de dominar a geral na base da porrada, sangue, suor e cerveja e dedo no cu e gritaria de palavras de ordem. Não dá certo. Putin disse que não ia guerrear na Ucrânia contra os Estados Unidos e os Unidos da Puta que o Pariu Europeu porque recebeu a visita de Bolsonaro e esse Bolsonaro bota azar até em jogo de cama e mesa, e portanto Putin não iria fazer guerra depois dessa figura ter visitado o dito cujo Putin. Essa é que é a verdade dos fatos, direto de Moscou.

O Presidente Bolsonaro se submeteu realmente a todas as exigências do protocolo de saúde na Rússia. Fez cinco testes de covid, e deu negativo pra covid e positivo pra vacina, mas essas informações estão congeladas por cem anos. Ele também usou máscara, e disse que máscara é pra cabra macho, pra homem hétero imbrochável e não pra viado. Ele ficou quietinho no isolamento e disse que quem não fica no isolamento é fresco, que é muita frescura esse negócio de andar pela rua sem máscara e quem toma cloroquina ou é viado ou é menina. Ele disse em off que quando voltar ao Brasil vai fazer igual o governo fez no Canadá: vai bloquear conta bancária de quem participar de protestos antivacina e vai exigir que todo mundo tome vacina, menos ele. Nossa bandeira jamais será vermelha, mas se for a bandeira da Rússia, pode!

Eu soube que a Ucrânia entrou em alerta máximo porque Putin ameaçou jogar Bolsonaro contra a Ucrânia! O Presidente dos Estados Unidos, um tal de Bidé, ele entrou em pânico, falou: não! Bolsonaro não! Vamos resolver essa treta com a Ucrânia na seriedade, colega Putin, não bote esse Bolsonaro no arranca rabo que Bolsonaro é feito barata: não come, mas bota gosto ruim. E outra coisa: lá na Rússia o velho machista Bozó deixou de ser pedófilo. Ele foi visto comendo numa padaria chamada O Pão que o Viado Amassou e pediu um hambúrguer chamado hamburgay. Lá na Rússia o Presidente Bolsonaro ficou sabendo que foram os comunistas que venceram os nazistas. O bicho ficou com a pulga atrás da orelha e a mosca atrás da bunda e o grilo atrás do chifre esquerdo. Ficou cismado, porque esses comunistas gostam de acunhar nos nazistas e o jeito que tem é voltar a espalhar merda na internet, as fake News do satanás, pra ver se vence a comunistada no Brasil. E se nada der certo, vai ter que levar mais uma peixeirada no olho do retentor. É isso. E outra coisa: na Rússia, Bolsonaro disse que era comunista há muito tempo, porque ele repartia os salários dos assessores, e isso é comunismo. Os petistas é que chamam de rachadinha, mas é uma coisa de comunista, dividir o toco. E eu vou embora, que eu tou feito Bolsonaro: não passo um dia sem passar vergonha. Ô vida cruel! Vou tomar meu calmante.

 

 

 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

domingo, 6 de fevereiro de 2022