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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Eu adoro brechó!


Cada qual com sua mania. A minha é frequentar loja de roupas usadas que o povo aqui no Nordeste apelida de vuco-vuco. Não acredito em vida após a morte, no entanto dou a maior bola para a elegância do defunto sobrevivente naquele belo terno azul marinho, ao preço convidativo de apenas sessenta reais. Fico empolgado com aquela saia que um dia vestiu um corpo feminino à moda antiga, com aquelas combinações, anáguas, estrias e culotes que já não se vê mais, devido ao gosto moderno da lipoaspiração acabando com o encanto das barriguinhas e bundinhas fofas.

É muito estranho o sujeito apreciar roupas usadas, mas tem maluco pra tudo. Acho que a roupa fica impregnada da energia do seu ocupante, e isso lhe concede uma personalidade, coisa que roupa nova jamais terá. E a aparência de roupa usada ainda tem o charme de você andar por aí com uma camisa caríssima, no dia-a-dia, como se o seu guarda-roupa estivesse entupido de marcas boas.

Perto de minha casa abriram três brechós que é uma beleza! Sempre encontro peças maravilhosas. Camisas com golas anos 70, camisetas que podem ser customisadas com estampas ao gosto do freguês. Você tem a liberdade de mexer com a peça conforme sua preferência. Uma camisa com gola estragada, manda sua costureira transar gola em V, ou golas canoas. O negócio é seguir as tendências da moda dos anos 80/90 com as griffes mais ricas, sem gastar quase nada.

Isso de comprar roupas em brechó é coisa de primeiro mundo, meu chapa! Nos países ricos, a pessoa usa uma roupa duas ou três vezes e já manda para o brechó ou para as entidades de ajuda humanitária, geralmente ligadas a seitas evangélicas. Quando chegam nos países pobres, essas doações vão direto para os brechós em vez de vestir o couro magro e famélico do indigente terceiro-mundista. Encontro sempre peças estrangeiras, das melhores marcas, nos meus brechós preferidos. Por isso o preconceito: achamos que roupa usada é para pobre. Já comprei um jogo de lençóis em puro linho, bordado a mão, enxoval da Ilha da Madeira, um luxo para poucos!

Até nos brechós se vê as diferenças de classe. Nos brechós de igreja de crente, geralmente só oferecem trapos para pessoas paupérrimas. O filé ficou no guarda-roupa do pastor ou da missionária. Mas tem lojas organizadas, brechós de luxo onde a senhora pode adquirir uma blusa Calvin Klein por R$ 5,00 reais e um sobretudo Banana República por R$ 15,00 reais, ou uma calça jeans da Daslu por apenas R$ 20,00. É ou não empolgante?

Não esquecendo de doar aquela roupa que você não usa mais. Através das roupas, podemos identificar um pouco da pessoa. Se sua fase de janota já passou, mande para o brechó aquelas roupas com exagerado apuro, aquelas peças peraltas, estilo “mamãe eu quero ser gay”. O passado lhe condena. Melhor passar pra frente.

A lógica é vender o que não se usa mais e comprar peças seminovas bem mais baratas, com as vantagens de esvaziar gavetas, restaurar o guarda-roupa e ainda concorrer para a preservação do meio ambiente evitando o esbanjamento. Fatores determinantes para se comprar em um brechó e contribuir na renovação do estoque. Não ligue para o senso comum de que brechó é coisa de pobre.

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