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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Tolerância zero


“A indulgência consiste, muitas vezes, em deixarmos passar algo que alguém nos tenha feito, sem voltar ao assunto. Essa indulgência é uma expressão de amor no convívio humano. Dá-se o assunto por encerrado, não se fala mais nisso”. Quem escreveu isso foi o escritor alemão Bert Hellinger, no seu livro “Viagens”.

As pessoas tímidas não são tolerantes, já percebi. Nunca esquecemos uma desfeita, uma agressão. Por ser feito de material muito sensível, o sujeito retraído tem a mente esgarçada e jamais refeita depois de sofrer uma hostilidade qualquer.

Nunca esqueci que alguém um dia me chamou de canalha, adjetivo que acho muito forte. Toda vez que olho pra essa figura, vejo estampada em sua testa a expressão intensa e veemente. Por mais que a imensidão da bondade dessa pessoa inunde meus sentidos, fica boiando aquela palavrinha dita em momento de fúria.

Pode ser você não tolerar alguém que nem ao menos conhece? O cara é pároco de um lugar e espalha que não gosta de mim. Diz que falei mal dele no blog Toca do Leão, também guarda na geladeira essa mágoa. De vez em quando retira do freezer e sai expondo aos seus “fiéis” essa sua falha de caráter. Sim, porque considero o rancor uma falha de caráter. E olhem que o padreco nem ao menos tem a desculpa de ser acanhado, muito pelo contrário.

Nessa guerra entre o tímido leão e seus desafetos assumidos ou presumidos, entre mortos e feridos salvam-se alguns. Para expor minhas ideias e defender minhas convicções sempre estou disposto, mesmo que ao preço de enfrentar meus próprios demônios. Em recente refrega jurídica, o advogado defensor da outra parte que me acusa disse à Juíza que meu blog Toca do Leão “é potencialmente perigoso para o Estado de Direito”. Achei tão ridículo o exagero do doutor que nem fiquei ofendido. O advogado precisa garantir o seu, a parte contrária precisa de argumentos e a humanidade precisa urgentemente de humor sadio.

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